O México é um dos países mais perigosos para ser jornalista em todo o mundo. Em 2017, surgiram as primeiras denúncias de que o governo de Enrique Peña Nieto utilizava o malware espião Pegasus para monitorar jornalistas, advogados e ativistas sociais. Ainda que a espionagem não fosse um fato inédito naquele país, o produto principal da empresa israelense NSO Group apresenta seu diferencial: não precisar que a vítima clique em nada para ser infectada.
Fundada por ex-soldados israelenses, incluindo um ex-Mossad, a NSO faz parte de uma gama de empresas de segurança cujo conhecimento foi forjado às custas da colonização sionista na Palestina. A concepção de que Israel precisa investir estrategicamente em defesa nacional por estar cercado de inimigos possibilitou que a indústria militar do enclave se tornasse uma das mais bem-sucedidas mundialmente. Assim como o México, muitos outros países são atraídos pelo selo “testado em campo por Israel”, incluindo aqueles com graves violações aos direitos humanos.
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Em julho deste ano, um consórcio jornalístico coordenado pela instituição francesa Forbidden Stories revelou que cinquenta mil dispositivos haviam, ao menos, sofrido tentativas de invasão pelo Pegasus. Ao contrário da promessa original da NSO de oferecer o serviço de ciber espionagem para “prevenir e combater a criminalidade e o terrorismo”, o Pegasus foi utilizado em 21 países para monitorar jornalistas, advogados, ativistas de direitos humanos e dissidentes políticos de diferentes espectros. O México contou com a maior quantidade de linhas telefônicas comprometidas: ao menos quinze mil entre 2016 e 2017.
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