O uso generalizado de armas israelenses no Afeganistão chegou aos holofotes nas últimas semanas, à medida que tropas dos Estados Unidos foram evacuadas do país, em uma rápida sequência de fatos descrita como derrota vexatória da coalizão ocidental.
Drones e armamentos fabricados por corporações israelenses foram utilizados para perseguir e eliminar o Talibã nas duas décadas de guerra, reportou o jornal The Jerusalem Post.
Embora fabricantes militares israelenses mantenham silêncio sobre a adoção de seus produtos, detalhes sobre a ubiquidade de suas armas no país centro-asiático assolado pela guerra começaram a emergir recentemente.
Segundo informações, países como Reino Unido, Alemanha, Canadá e Austrália — todos membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) — utilizaram armas israelenses por anos no território afegão.
Drones militares estão entre as mais populares aquisições de guerra da ocupação.
Desde 2005, tropas australianas da coalizão operam veículos aéreos não-tripulados de modelo Skylark 1, fabricado pela gigante armamentista israelense Elbit Systems.
Em maio, entretanto, Camberra informou a empresa que deixaria de utilizar seu Sistema de Gerenciamento de Batalha (BMS) no mês seguinte.
A Elbit Systems é regularmente rechaçada por campanhas de direitos humanos.
A corporação produz tecnologia de vigilância para o chamado Muro do Apartheid, na Cisjordânia ocupada, além de 85% dos motores destinados a drones do exército israelense, entre outros componentes bélicos.
Segundo indícios, cerca de 85% dos drones aplicados nos bombardeios a Gaza, em 2014, também remetem à empresa. Na ocasião, mais de 2.200 palestinos — dentre os quais, 500 crianças — foram mortos em apenas 50 dias.
A Elbit Systems detém dez instalações em solo britânico.
Não obstante, a maior conscientização do papel da Elbit em violações de direitos humanos e crimes de guerra maculou a imagem da empresa.
Em fevereiro, o Fundo Previdenciário de East Sussex desinvestiu de firmas israelenses, após uma campanha civil contra marcas que violam a lei internacional.
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O Jerusalem Post também citou relatos de que tropas israelenses foram enviadas ao lado afegão da fronteira com o Irã em 2019, a fim de coletar inteligência sobre os movimentos da república islâmica na região do Golfo Persa.
A rede russa Sputnik News alegou na ocasião que os israelenses conduziram sua operação sob bandeira dos Estados Unidos e dos Emirados Árabes Unidos.
Segundo um expert, tropas israelenses executaram sua missão encobertas pelas forças americanas, sem ciência ou aval do agora deposto governo afegão.
Com o retorno do Talibã ao poder, o papel de Tel Aviv na invasão e ocupação liderada por Washington deve implicar na postura do novo regime sobre o estado israelense.