Forças da oposição síria e seus familiares deixaram a província de Daraa, no sul da Síria, sob trégua mediada pela Rússia, após dois meses de cerco do regime de Bashar al-Assad.
A área vivenciou intenso combate nos últimos três anos, após um cessar-fogo prévio promovido por Moscou. Tropas do regime e milícias ligadas a Teerã bombardearam partes da província a fim de trazê-la a seu controle absoluto.
O acordo de 2018 concedeu salvo-conduto ao noroeste do país e instituiu um processo de reconciliação a opositores que ficaram, em troca de sua rendição. Porém, foi violado diversas vezes por Assad, incluindo ao menos 98 mortes sob tortura de ex-combatentes.
Tensões voltaram a escalar em maio, quando residentes de Daraa recusaram-se a votar nas eleições presidenciais, que reconduziram Assad a seu quarto mandato, ao denunciá-las como fraude. Em represália, o regime deu início a um severo cerco militar.
Após o fracasso de uma série de negociações e armistícios, a Rússia — principal aliada de Assad — conseguiu nesta semana alcançar um novo acordo com a oposição de Daraa, semelhante ao compromisso ratificado em 2018.
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Os termos não foram ainda plenamente divulgados, mas a trégua prevê mais outra vez que combatentes rebeldes possam viajar a territórios da oposição ao norte, à medida que o cerco é revogado provisoriamente. O regime deve então assumir controle da província.
Segundo relatos, cerca de cem opositores já deixaram a região em ônibus fretados, na terça-feira (24); outros 50 combatentes e suas famílias partiram ontem. Rebeldes remanescentes devem entregar suas armas e submeter-se ao regime.
O recente cerco e o subsequente combate, que forçou dezenas de milhares de civis a deixar Daraa novamente, no entanto, revelou tensões latentes entre Damasco e Moscou.
A diplomacia russa tentou agir como mediadora e exortou Assad a reconciliar-se com a oposição. Entretanto, o regime sírio e as milícias aliadas violaram tais esforços, obstinados em recapturar todos os territórios ainda sob controle da oposição.