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Presidente da Tunísia é criticado por apagão sistemático de notícias

O presidente tunisiano, Kais Saied, em Tunis, Tunísia em 26 de julho de 2021 [Imagem Presidencial Tunisiana/Agência Anadolu]

O Sindicato Nacional de Jornalistas Tunisinos (SNJT) e outras organizações criticaram a presidência do país pelo que consideraram um apagão sistemático de notícias e ambiguidade contínua desde que o presidente, Kais Saied, anunciou suas medidas excepcionais e suspendeu os trabalhos do parlamento em 25 de julho passado.

O SNJT afirmou em nota neste domingo que o apagão provocou a disseminação de propaganda e a criminalização de opiniões contrárias ao presidente, além de violações no setor de mídia.

Os eventos de 25 de julho prepararam o cenário para a disseminação de rumores e debates violentos entre os apoiadores do presidente Saied e ativistas da oposição nas plataformas de mídia social.

Desde sua ascensão ao poder em 2019, o presidente Saied raramente apareceu na mídia local, já que a presidência divulgou suas declarações em seu site e na página oficial do Facebook.

Os vídeos que cobrem as atividades do presidente destacam apenas os discursos que ele pronuncia perante seus convidados ou o mostram dando ordens enquanto os interlocutores ouvem passivamente e sem reagir.

Os críticos da abordagem de comunicação do presidente comparam sua conduta à atitude do professor de direito constitucional a que Saied está acostumado como professor da Faculdade de Ciências Políticas e Sociais.

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O SNJT explicou em seu comunicado que a presidência ignora o direito do cidadão de receber informações precisas e oportunas e fecha suas portas diante dos jornalistas, deixando espaço para a divulgação de notícias falsas e ambiguidades nessas delicadas circunstâncias excepcionais, sobretudo na ausência de outras fontes oficiais de informação.

O SNJT também alertou que essa política representaria um retrocesso para a liberdade de expressão conquistada após a revolução de 2011, afirmando que o direito de fazer perguntas, seja por meio de diálogos, conferências, seja por entrevistas com a imprensa, deve ser respeitado.

A presidência não tem porta-voz oficial e jornalistas reclamam da ausência de informações oficiais prontas do palácio presidencial, já que muitos deles têm que esperar até tarde da noite para obter declarações da presidência e verificar notícias falsas e boatos que vazaram em grande escala.

O presidente Saied decidiu há cerca de uma semana estender as medidas excepcionais indefinidamente e disse que se dirigirá ao povo em um comunicado, sem especificar uma data.

O presidente tunisino não nomeou um novo primeiro-ministro nem estabeleceu um roteiro para administrar a fase atual. No entanto, as expectativas prevalecentes indicam o desejo de Saied de introduzir reformas políticas que possam incluir o sistema político e a lei eleitoral, bem como a intenção de realizar eleições legislativas antecipadas.

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No sábado, mais de 20 organizações da sociedade civil emitiram um comunicado pedindo a determinação de uma data específica para o fim das medidas excepcionais e um caminho para cooperar com partidos políticos, organizações e personalidades políticas e nacionais nos planos de reforma designados.

O comunicado conjunto afirmou que “a tomada de todas as funções do presidente da República hoje, sem uma visão clara sobre os próximos passos, representa um perigo real para o futuro da democracia do país”.

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