Desde o golpe militar que instituiu o regime do general Abdel Fattah el-Sisi, em 2013, ao menos 11.224 pessoas sofreram desaparecimento nas mãos das autoridades, alertaram grupos de direitos humanos. Apenas em 2020, um total de 3.045 pessoas foram desaparecidas.
A Anistia Internacional observa que entre três a quatro pessoas desaparecem todo dia desde o início de 2015 e que a maioria das vítimas são apoiadores de Mohamed Morsi, primeiro presidente eleito democraticamente no país, além de ativistas seculares e seus familiares.
Haitham Ali Abu-Khalil, diretor do Centro de Vítimas e Direitos Humanos de Alexandria, reiterou que o Egito manterá a prática em vigor enquanto Sisi permanecer no poder.
Segundo o ativista de direitos humanos, em março de 2015, o presidente egípcio incumbiu o ex-Ministro do Interior Magdy Abdel Ghaffar de duas missões de intimidação: aniquilação física e desaparecimento forçado contra eventuais opositores.
Abu Khalil citou ainda uma reportagem da Reuters que documentou 465 casos de execuções extrajudiciais somente na península do Sinai.
Ahmed al-Attar, diretor executivo da Rede Egípcia de Direitos Humanos, apontou para prevaricação da promotoria pública e, portanto, ausência de justiça aos desaparecimentos. Sua organização registrou ao menos seis menores desaparecidos após serem presos.
O número real de pessoas desaparecidas à força é desconhecido, destacou al-Attar, pois os serviços de segurança não anunciam publicamente as prisões e as famílias, muitas vezes, são intimidadas para não reportar as detenções.
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