Israel opõe plano dos EUA de reabrir missão palestina em Jerusalém

Israel reafirmou nesta quarta-feira (1°) que o plano dos Estados Unidos de reabrir seu consulado em Jerusalém — base tradicional para o contato diplomático com os palestinos — é uma “ideia ruim”, capaz de desestabilizar o novo governo do premiê Naftali Bennett.

As informações são da agência Reuters.

Em 2018, o governo do então presidente Donald Trump indicou apoio à reivindicação israelense sobre Jerusalém como sua capital, ao transferir a embaixada americana de Tel Aviv à cidade ocupada e integrar o consulado local à missão diplomática.

A medida é um dos exemplos dentre as iniciativas de Trump que incitaram indignação entre o povo palestino, após décadas de promessas de um estado próprio e independente com Jerusalém Oriental como sua capital.

O presidente Joe Biden — empossado em janeiro deste ano — prometeu restaurar os laços com os palestinos, preservar seu apoio à solução de dois estados e reabrir o consulado palestino em Jerusalém, fechado por Trump em 2019.

“Pensamos que é uma ideia ruim”, afirmou o Ministro de Relações Exteriores de Israel Yair Lapid em coletiva de imprensa, ao referir-se à proposta. “Jerusalém é a capital soberana de Israel e apenas de Israel — portanto, é uma ideia ruim”.

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“Sabemos que o governo Biden tem uma forma diferente de olhar para isso, mas já que acontece em Israel, temos certeza que nos ouvirá com atenção”, prosseguiu.

Wasel Abu Youssef, oficial sênior da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), comentou à Reuters que a negativa israelense sobre a reabertura do consulado era esperada: “Querem manter o status quo e obstruir qualquer solução política”.

Questionado sobre os comentários de Lapid, um porta-voz da embaixada americana observou: “Como anunciou o Secretário de Estado Antony Blinken em maio, os Estados Unidos avançarão no processo de reabrir nosso consulado em Jerusalém”.

“Não temos informações adicionais para compartilhar neste momento”, acrescentou.

Segundo o porta-voz, entretanto, o governo em Washington não reverterá sua decisão sobre a transferência da embaixada israelense a Jerusalém ocupada, tampouco a decisão do ex-presidente de reconhecer a cidade como capital de Israel.

Ao fazê-lo em 2017, Trump alegou, porém, não assumir posições sobre “soluções finais, incluindo as fronteiras específicas da soberania israelense em Jerusalém”.

Israel capturou a porção oriental de Jerusalém, junto de Cisjordânia e Faixa de Gaza, durante a chamada Guerra dos Seis Dias, em 1967. Israel considera Jerusalém como sua capital indivisível — status não ratificado pela comunidade internacional.

Bennett — nacionalista de extrema-direita que lidera uma frágil coalizão transpartidária — opõe-se veementemente ao estabelecimento de um estado palestino.

Reabrir o consulado em Jerusalém poderia abalar seu governo, que encerrou os sucessivos mandatos do ex-premiê Benjamin Netanyahu, em junho último.

“Temos uma estrutura interessante, mas delicada, em nosso governo”, insistiu Lapid. “Achamos que a medida pode desestabilizá-lo e não cremos que a gestão americana queira isso”.

Divisões entre os palestinos também incitam dúvidas sobre os prospectos da diplomacia, argumentou Lapid. “Acredito devotamente na solução de dois estados … não obstante, temos de admitir que não é algo factível na conjuntura atual”.

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