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Paratleta sírio da Equipe de Refugiados transmite mensagem de resiliência em Tóquio 2020

O paracanoísta Anas Al Khalifa é visto durante uma sessão de treinamento em Halle, Alemanha, em 25 de maio de 2021 [Reinaldo Coddou H/Getty Images via ACNUR]
O paracanoísta Anas Al Khalifa é visto durante uma sessão de treinamento em Halle, Alemanha, em 25 de maio de 2021 [Reinaldo Coddou H/Getty Images via ACNUR]

O atleta sírio Anas Al Khalifa competiu ontem (2) nas Paralimpíadas de Tóquio 2020, ele integra a equipe Equipe Paralímpica de Refugiados – resultado da parceria do Comitê Paraolímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês) com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Ele terminou em último na final da corrida de canoagem, mas disse à agência de notícias DPA que se sente um vencedor. “Estou muito orgulhoso de mim mesmo”, disse ele, “Eu definitivamente tenho minha vida de volta”.

A vida de Anas, assim como a de outras milhões de pessoas sírias, mudou a partir de 2011, quando os conflitos e a violência atingiram o país. Nesse período, quando era apenas um adolescente, ele foi obrigado a deixar o país e se estabelecer em um campo de refugiados. Em 2014, ele finalmente conseguiu chegar à Turquia e depois à Grécia e, em agosto de 2015, chegou à Alemanha, onde mora e treina atualmente, segundo divulgado pela ACNUR.

Em terras alemãs, seu sonho era continuar os estudos para ser mecânico e ganhar dinheiro suficiente para ajudar a família. No ano seguinte de sua chegada ao país, ele conseguiu um emprego ajudando a instalar painéis solares em telhados. Mas, em um dia chuvoso de dezembro de 2018, ele estava trabalhando em um prédio de dois andares quando escorregou e caiu no chão. Al Khalifa caiu de costas e sofreu uma lesão na medula espinhal, deixando-o com movimentos e sensações limitados em seus membros inferiores.

“As coisas estavam muito sombrias para mim naquela época. Tudo passa pela sua cabeça, quando acorda e sabe que não poderá mais andar. Mesmo as piores coisas possíveis. Tudo virou de cabeça para baixo”, relembra Anas para a ACNUR.

Em um dos hospitais em que ficou internado, Anas recebeu muito apoio da equipe médica, incluindo de sua fisioterapeuta, que tinha uma amiga que competia em para-canoagem. Juntas, elas incentivaram o atleta a conhecer o esporte. “Minha fisioterapeuta realmente me incentivou muito e me mostrou que o esporte era muito importante para o meu processo de reabilitação. Foi uma maneira de me tirar da escuridão que eu estava sentindo”, diz o atleta.

Em 2020, poucos meses antes do início da pandemia da Covid-19, Anas começou a treinar canoagem pela primeira vez em uma piscina coberta. Ele não tinha autoconfiança e realmente não achava que aquilo o levaria a algum lugar. Mas como a cada dia que ele remava seu desempenho melhorava, sentiu o desejo de continuar com afinco.

“Quando treino, percebo que o esporte é uma espécie de demonstração de como somos capazes de realizar tantas coisas e esquecer a deficiência. Faz com que eu me sinta como se não tivesse mais nenhuma deficiência”.

Nas paralímpiadas, a ACNUR afirma que Anas queria levar uma mensagem de resiliência a todas as pessoas em situação de deslocamento forçado no mundo e orgulhar os pais e o irmão, que foi morto em dezembro de 2020, após ter sido atingido pelo conflito na Síria que persiste há mais de 10 anos. Sem dúvidas, ele conseguiu.

LEIA: “O esporte é um privilégio e as pessoas não se dão conta”

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