Os Emirados Árabes lançaram uma série de iniciativas para atrair investidores em uma tentativa de enfrentar o desafio da Arábia Saudita. Riad recentemente tomou uma série de decisões para ultrapassar seu vizinho menor do Golfo como o principal centro econômico, incluindo emendas às regras comerciais que exigirão que as multinacionais mudem suas sedes principais para a capital saudita.
A flexibilização das regras de residência para atrair US$ 150 bilhões em investimentos estrangeiros é considerada uma das ideias do pacote de reformas que visa diversificar a economia do país. A esperança é que isso torne Abu Dhabi mais competitivo em uma região superlotada com economias dependentes do petróleo que enfrentam desafios semelhantes e têm como alvo os mesmos investidores estrangeiros.
Algumas das reformas foram reveladas pelos ministros ontem para marcar seu Jubileu de Ouro. Eles incluem a liberalização das regras de residência para atrair e reter trabalhadores qualificados; novas categorias de vistos para freelancers e empresários; alocação de fundos para apoiar projetos dos Emirados e para a adoção de tecnologia avançada na indústria, em uma tentativa de aumentar a produtividade em 30 por cento. O país também terá como meta um aumento de dez por cento nas exportações para dez mercados-chave, incluindo China e Reino Unido, como parte de um crescimento de 14 por cento nas saídas de investimento até 2030.
Os investidores estrangeiros terão uma prévia das muitas oportunidades que Abu Dhabi oferecerá em uma cúpula global no próximo ano. O objetivo é atrair US$ 150 bilhões para projetos domésticos até 2030.
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As repercussões da contrainiciativa de Abu Dhabi, em particular sua decisão de levar adiante uma maior cooperação comercial com a China, permanecem obscuras. Os Emirados Árabes foram pegos no fogo cruzado de uma luta pelo poder regional entre os EUA e a China.
Em junho, o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pressionou os Emirados para que removessem o equipamento chinês da Huawei de suas redes nos próximos quatro anos ou correria o risco de rescisão caso seu negócio com Washington comprasse jatos F-35 e drones, uma das principais razões para o estado do Golfo normalizar os laços com Israel no ano passado.
A Arábia Saudita também dificilmente aceitará tal desafio. Além das medidas introduzidas para atrair investimentos estrangeiros de Abu Dhabi, Riad instruiu canais de notícias a transferir a sede para lá no que parece ser mais uma aceleração de sua rivalidade econômica com seu vizinho do Golfo.
Rachaduras nas relações entre os sauditas e os Emirados começaram a aparecer em 2019, quando os Emirados Árabes retiraram a maior parte de suas forças militares do Iêmen, deixando a Arábia Saudita sozinha em sua guerra contra os houthis apoiados pelo Irã. Os Emirados também apoiam um governo rival no Iêmen.
Outras fontes importantes de tensão são a velocidade dos esforços liderados pelos sauditas para acabar com o embargo de comércio e viagens ao Catar, com o qual Abu Dhabi não está satisfeito, enquanto Riad está igualmente frustrado com o ritmo de normalização dos Emirados Árabes com Israel.