Um painel independente da ONU com especialistas em direitos humanos está fazendo um alerta para o aumento do clima de medo entre os civis do Iêmen. O grupo apresentou esta quarta-feira um relatório que faz um balanço dos últimos 12 meses de confronto.
O painel condena as violações de direitos humanos que continuam acontecendo no país, que já enfrenta seis anos de conflito. Segundo os especialistas, todos os lados são culpados: os Houthis, que atacam os civis, e a coalizão internacional liderada pelos sauditas, que apoiam o governo e que tem realizado ataques aéreos no Iêmen.
Divisão
O país está dividido desde 2015: de um lado, as forças do governo apoiadas pela coalizão militar, e de outro, o grupo rebelde Houthi, que tem o controle da maior parte do norte do país, incluindo a capital, Sanaa.
No documento “Uma Nação Abandonada: Um Pedido à Humanidade para Acabar com o Sofrimento no Iêmen”, o grupo de especialistas também cita o Conselho de Transição do Sul como sendo responsável por violações, pricipalmente na cidade de Aden.
Crimes Internacionais
O relatório destaca que todas as partes envolvidas no conflito são responsáveis por violações que podem ser consideradas crimes internacionais. Entre os exemplos estão restrições ao acesso humanitário e obstáculos para a população receber comida e água; detenções arbitrárias; desaparecimentos forçados; violência de gênero e sexual; tortura e outras formas de tratamento cruel.
Os jornalistas e defensores de direitos humanos no Iêmen também são alvo de perseguições e há ainda violações dos direitos das crianças.
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O documento revela ainda a intensificação das hostilidades em Marib e outros locais. O grupo lamenta que a coalizão não esteja levando à sério suas recomendações sobre as operações militares.
Crise econômica e de saúde
O presidente do grupo de direitos humanos, Kamel Jendoubi, declarou que “o clima de medo e de impunidade piorou entre os habitantes do Iêmen”, apesar de acordos políticos e de discussões de alto nível sobre a situação no país.
O painel da ONU alertou ainda que o dia-a-dia dos iemenitas “está insuportável” para muitos. Além do conflito, a população lida com a pandemia de Covid-19, enchentes, restrições nas importações, crise econômica e falta de combustível.
Jendoubi disse também que “no meio de uma situação intolerável, o sofrimento no Iêmen só irá acabar com vontade política genuína das partes em conflito e da comunidade internacional”.
O relatório pede ainda ao Conselho de Direitos Humanos para garantir que a situação no país continue na agenda do órgão e para que o mandato do grupo de especialistas seja renovado.
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Publicado originalmente em Onu News