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Partido Justiça e Desenvolvimento do Marrocos perde as eleições

Eleições parlamentares e municipais, em uma seção eleitoral em Rabat, Marrocos, em 8 de setembro de 2021 [Jalal Morchidi/Agência Anadolu]

Os resultados preliminares após as eleições legislativas de ontem no Marrocos mostraram que o Partido da Justiça e Desenvolvimento (PJD), que havia liderado a coalizão governamental, sofreu uma derrota severa, mantendo apenas 12 das 125 cadeiras que conquistou nas eleições de 2016.

De acordo com os resultados anunciados pelo Ministro do Interior, Abdelouafi Laftit, no início desta manhã, após a contagem de 96 por cento dos votos, o partido liberal RNI (National Rally of Independents), encabeçado pelo empresário Aziz Akhannouch, descrito como próximo ao palácio, estava na liderança.

O RNI liderou os resultados com 97 dos 395 assentos, enquanto o Partido da Autenticidade e Modernidade (PAM) ficou em segundo lugar com 82 assentos.

O Partido Istiqlal ficou em terceiro lugar, com 78 assentos.

O Secretário Geral do PJD, primeiro-ministro Saadeddine Othmani, não conseguiu manter seu assento parlamentar para a capital, Rabat. O partido, que tem liderado o parlamento por uma década, parece não fazer mais parte da esfera política.

Na terça-feira, o PJD condenou o que chamou de “violações que afetam a integridade das eleições”, inclusive afirmando que alguns partidos tinham pago pelos votos.

LEIA: Partido marroquino condena “violações que afetam a integridade das eleições”

Segundo artigo de Aida Alami e Nicholas Casey, publicado hoje no New York Times, “qualquer mudança no parlamento dificilmente anunciará grandes mudanças políticas em um país onde o palácio real está há muito tempo no comando.  Enquanto o Marrocos é oficialmente uma monarquia constitucional, seu Parlamento não tem poder para anular a vontade de Mohammed VI, disse Saloua Zerhouni, um professor de ciências políticas na capital, Rabat”.

Em sua análise, o artigo avalia que o partido dos islamistas moderados (PJD) fez poucos progressos em suas próprias agendas durante seu tempo no poder. “Quando o rei do Marrocos decidiu fazer um acordo no ano passado com Israel para normalizar as relações, não havia nada que os islamistas pudessem fazer para impedir um movimento ao qual eles se opunham amargamente”.

Em maio deste ano, a revista Tel Aviv Notes publicou o artigo de Tiziana della Ragione, sobre a reação do PJD frente a normalização do Marrocos com Israel.  Em sua conclusão, ela avalia que o apoio do líder da PJD à decisão do Rei  garantiu a sobrevivência política do partido e poderia lhe permitir avançar em sua agenda socioeconômica.

A desconfiança com as eleições e com a baixa efetividade do parlamento resultou em um baixo comparecimento nas urnas; nas três últimas eleições a média de comparecimento foi apenas de 42%.

De acordo com o artigo de Alami e Casey, o  Marrocos reformulou suas leis eleitorais em março, tornando mais difícil para qualquer partido ter uma grande vantagem em termos de assentos, o que foi visto por muitos como uma forma de diluir o poder de governar dos partidos, fortalecendo o do rei. O partido líder terá agora que formar um governo de coalizão reunindo vários partidos com diferentes ideologias.

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