O Líbano prometeu não deportar os seis refugiados sírios detidos por entrar no país de forma irregular, após pressão de organizações de direitos humanos, que apontaram os riscos de prisão e tortura por autoridades do regime de Bashar al-Assad.
Os seis homens foram presos pela inteligência libanesa há duas semanas, ao entrar na embaixada síria para coletar seus passaportes.
Após o exército libanês anunciar a captura, grupos de direitos humanos — como a Anistia Internacional — exortaram as autoridades a não deportá-los a seu país de origem, devido ao histórico de Assad de aprisionar e torturar repatriados.
Sua soltura foi particularmente simbólica, dado que cinco dos refugiados são da província de Daraa — bastião de resistência no sul da Síria, sob cerco e bombardeio nos últimos meses por tropas do regime e milícias aliadas ligadas a Teerã.
Desde maio de 2019, Beirute extradita regularmente refugiados sírios, de modo que autoridades impuseram um ultimato aos refugiados para decidirem por um terceiro país de asilo ou serem devolvidos a Damasco, apesar da retenção dos passaportes pela embaixada.
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A postura, no entanto, sofreu uma reviravolta nesta quinta-feira (9), quando a Diretoria Geral de Segurança do Líbano anunciou que os refugiados poderão permanecer no país.
“Não deportaremos os seis cidadãos sírios e trabalharemos para regularizar seu status legal”, confirmou o chefe da diretoria, Abbas Ibrahim.
Com mais de 850 mil refugiados sírios radicados no Líbano, muitos têm esperanças de que a decisão de não expatriar seus conterrâneos seja um sinal de melhora nas políticas prejudiciais à diáspora síria, apesar das crises que ainda assolam o país.
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