Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), chegou a Teerã neste fim de semana para realizar uma série de conversas capazes de atenuar o impasse entre o regime iraniano e países ocidentais, segundo relatos.
Sua viagem ocorre em meio a receios de escalada regional e colapso das negociações em curso sobre o acordo nuclear, assinado em 2015 e revogado três anos depois pelo então Presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
As informações são da agência Reuters.
Três diplomatas próximos ao caso confirmaram que a visita busca antecipar uma reunião do Conselho de Governadores da agência de monitoramento das Nações Unidas — composto por 35 países —, marcado para a próxima semana
Entretanto, outros diplomatas alegaram carecer de confirmação dos fatos.
A AIEA não comentou a suposta viagem até então.
Dois diplomatas destacaram que a chegada de Grossi à capital iraniana estava prevista para a manhã deste domingo (12), a fim de encontrar-se com Mohammad Eslami, novo chefe da Organização de Energia Atômica do Irã.
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Nesta semana, a AIEA informou seus estados-membros que não houve progresso em duas questões centrais: traços de urânio encontrados em locais não declarados e acesso a equipamentos, para que a agência continue a avaliar o programa nuclear iraniano.
Conversas indiretas entre Washington e Teerã, para que ambos retomem o cumprimento dos termos do acordo, permanecem paralisadas desde junho. Sob o pacto, o regime iraniano deve restringir suas atividades atômicas em troca da suspensão de sanções.
As potências ocidentais exortam o presidente linha-dura Ebrahim Raisi, empossado em agosto, a retornar ao diálogo. Neste contexto, podem pressionar o conselho da AIEA a introduzir uma resolução contra Teerã, devido aos obstáculos impostos.
As partes europeias do acordo — Reino Unido, França e Alemanha — reuniram-se em Paris com os Estados Unidos na sexta-feira (10), para debater alternativas caso o Irã mantenha sua postura de incomplacência. Porém, segundo as fontes, nenhuma decisão foi tomada.
Os estados-membros do Conselho de Governadores da AIEA deverão aguardar a visita de Grossi para ver se a república islâmica enfim concede acesso de monitoramento ou oferece resposta sobre as partículas de urânio descobertas em locais não declarados.