O Ministro de Relações Exteriores de Israel Yair Lapid propôs ontem (12) um plano doméstico para derrotar o movimento de resistência palestina Hamas e seu governo estabelecido na Faixa de Gaza sitiada, com base em supostas melhorias econômicas.
Durante uma conferência sobre contraterrorismo, alegou Lapid: “Temos de dar início a um grande processo, de anos e anos, de economia em troca de segurança”.
Segundo o chanceler, reocupar Gaza ou manter os sucessivos bombardeios não é a melhor maneira de abordar a questão, pois é preciso neutralizar o Hamas e outros grupos de resistência por meio de um plano “economia por segurança”.
“São ambas opções ruins”, argumentou. “E essa é uma realidade que não podemos aceitar”.
Lapid reiterou, no entanto, que Tel Aviv não deve engajar-se diretamente com o Hamas.
“Israel não conversa com terroristas que querem nos destruir”, insistiu o ministro. “Temos de dizer aos palestinos a toda oportunidade: o Hamas os arrasta à ruína. Ninguém virá investir em uma base de lançamento do Hamas, sob ataques regulares de Israel”.
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“Nossa posição de força nos permite iniciar o processo ao invés de aguardar a próxima rodada”, prosseguiu Lapid, ao prometer novamente a soltura de soldados israelenses mantidos como prisioneiros de guerra pela resistência palestina em Gaza.
O plano, observou o chanceler, consiste em duas partes: a primeira relacionada à melhora das condições humanitárias na região, ao passo que a comunidade internacional deve garantir o desarmamento do Hamas e o fim do tráfico de armas e recursos.
“O sistema elétrico será reparado, haverá fornecimento de gás, uma usina de dessalinização será construída, faremos melhorias substanciais no sistema de saúde e permitiremos a reconstrução de casas e infraestrutura de transporte”, prometeu Lapid.
“Em troca, o Hamas terá de se comprometer com uma paz de longo prazo”, enfatizou.
Segundo a proposta, a Autoridade Palestina (AP) controlará as travessias de Gaza, exceto Rafah, sob gestão egípcia, de modo que o Cairo será fundamental ao processo. Após resultados duradouros, Israel dará a Gaza sua independência de energia, alegou.
Caso bem sucedido o primeiro estágio, a segunda parte do plano será focada em reformas econômicas em Gaza, construção de uma ilha portuária artificial ao longo da costa mediterrânea e ligações de transporte com a Cisjordânia ocupada.
Segundo o jornal israelense The Jerusalem Post, a ideia é promover a cooperação econômica entre Israel, Egito e Autoridade Palestina, incluindo ao instalar zonas industriais perto da travessia de Erez, por meio de investimentos dos Estados Unidos, União Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e Emirados Árabes Unidos.
De acordo com Lapid, o plano deverá fortalecer e consolidar a Autoridade Palestina, então responsável pela administração civil da Faixa de Gaza.
O chanceler afirmou ainda ter discutido a proposta com líderes do Egito e de governos do Golfo, além do Secretário de Estado dos Estados Unidos Antony Blinken, do Ministro de Relações Exteriores da Rússia Sergey Lavrov e representantes da União Europeia.
“Em Gaza, podemos e devemos agir agora”, concluiu o ministro e próximo premiê.