Em 76 anos de Assembleia Geral, apenas quatro mulheres presidiram a casa

A igualdade de gênero é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, o de número 5. A meta da Agenda 2030 é justamente melhorar os indicadores socioeconômicos ao redor do globo combatendo a pobreza e a fome, a mudança climática, promovendo educação de qualidade e colocando mais mulheres em posições de liderança pelo mundo, entre outros avanços. Mas um dos seis órgãos principais das Nações Unidas, a Assembleia Geral, deve realizar mais esforços para alcançar a paridade de gênero, especialmente na liderança da casa.

Esta é a opinião do presidente da 75ª. Sessão, que deixa o posto nesta terça-feira, Volkan Bozkir, e apoiou o lançamento do livro “4 out of 74” ou “4 de 74”, escrito pela última presidente mulher da Assembleia Geral e ex-chanceler do Equador, María Fernanda Espinosa.

Desafio

Em entrevista à ONU News Português, de Berlim, na Alemanha, ela fala do desafio da mulher na política e em postos de liderança em organizações internacionais.

“A grande mensagem aqui é que quatro mulheres em 76 anos de história na Presidência da Assembleia Geral é um número altamente insuficiente. E temos que fazer muito, muito mais para garantir que mais mulheres estejam no mundo da diplomacia, nos espaços de tomada de decisão e nos lugares de liderança que lhes correspondem.”

Diplomacia

Espinosa conta que o livro é dedicado a mulheres jovens que querem fazer uma carreira nacional e estar em espaços de poder como merecem. No cargo, María Fernanda Espinosa realizou várias inciativas para aumentar a participação de mulheres na política e em cargos eletivos. Em 2019, ela convidou a Nova Iorque todas as Chefes de Estado e Governo mulheres, o que equivalia na época a 10% dos postos em todo o globo.

O livro “4 de 74” apresenta as quatro mulheres a presidirem a Assembleia Geral até agora: Vijaya Lakshmi Pandit, da Índia, presidente da 8ª Sessão em 1953. E Angie Elizabeth Brooks, da Libéria, que liderou a 24ª. sessão em 1969.

Primeira latino-americana

A terceira presidente feminina da casa foi Sheika Haya Rashed Al Khalifa, de Bahrein, da 61ª. sessão, em 2006 e María Fernanda Espinosa, do Equador, que presidiu a 73ª. Sessão em 2018, e foi a primeira mulher latino-americana a ocupar o posto.

O livro “4 out of 74” foi patrocinado pelo Fundo do Escritório da Presidente da Assembleia Geral com o apoio da Missão da Itália junto à ONU. O lançamento da publicação foi feito no início deste mês num debate na internet do qual participaram a ex-presidente da Casa, María Fernanda Espinosa, o atual líder da Assembleia Geral, Volkan Bozkir, os embaixadores da Índia, da Libéria e de Bahrein, a embaixadora das Maldivas Thilmeeza Hussain e Anita Bhatia, vice-chefe da ONU Mulheres além de outros.

A próxima sessão da Assembleia Geral, a de número 76, começa nesta terça-feira. O novo líder da casa é o chanceler das Maldivas, Abdulla Shahid.

Publicado originalmente em Onu News

LEIA: Capitu e Sherazade: A mulher no Brasil e no Oriente Médio

Sair da versão mobile