Uma fonte do governo americano de Joe Biden confirmou que a Casa Branca decidiu reter parte do pacote militar enviado ao Egito, sob demanda de direitos humanos.
As informações são da rede Politico.
Dos US$1.3 bilhões despachados anualmente ao Cairo, US$300 milhões são condicionados a avanços substanciais sobre abusos documentados de direitos humanos.
Deste valor, US$130 milhões serão retidos até que o regime do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi recue na perseguição judicial de organizações da sociedade civil e retire acusações contra 16 indivíduos radicados nos Estados Unidos,
Os outros US$170 milhões, porém, serão ainda encaminhados sob pretexto de combate ao terrorismo, segurança de fronteira e não-proliferação de atividades armadas.
Ainda assim, a medida representa um passo adiante em relação aos antecessores de Biden, cujos secretários de estado ignoraram deliberadamente tais requisitos.
Entretanto, ativistas de direitos humanos reivindicam maior pressão de Washington contra as violações de Sisi e descreveram o envio como “inadequado”.
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O regime egípcio mantém hoje cerca de 60 mil prisioneiros políticos, sistematicamente torturados, sem acesso médico e sob risco exponencial de pena de morte.
Na manhã de hoje (14), a família de Alaa Abdelfattah divulgou uma nota urgente para advertir a comunidade internacional sobre eventual suicídio do ativista em custódia.
Em agosto, a Anistia Internacional reiterou que a remessa de recursos militares ao Egito impõe risco ao governo dos Estados Unidos de tornar-se cúmplice de abusos de direitos humanos, além de conceder “luz verde” à campanha repressiva do general Sisi.
O senador democrata Chris Murphy exortou o líder de seu partido e presidente americano a reter a totalidade dos US$300 milhões, devido a graves abusos cometidos em meio à “vertiginosa repressão contra a dissidência política”.
Os congressistas Tom Malinowski e Adam Schiff, também democratas, sugeriram cortar ao menos US$75 milhões devido a prisões políticas e assédio a cidadãos americanos.
No último mês, todavia, o governo Biden expressou apoio pela manutenção dos laços de segurança entre Cairo e Washington e insistiu que a ajuda é importante para administrar o Canal de Suez e preservar o cessar fogo entre Hamas e Israel.