Mohammad al-Arida, um dos prisioneiros palestinos que escapou da penitenciária de segurança máxima de Gilboa, sofreu tortura após ser recapturado pelas forças israelenses, reportou seu advogado Khaled Mahajneh a jornalistas, na noite de terça-feira (14).
Segundo o advogado, al-Arida expressou “enorme alegria” com os poucos dias de liberdade que vivenciou na última semana.
“O fruto que experimentou pela primeira vez em 22 anos compensou todo o tempo que passou atrás das grades”, afirmou o advogado.
Entretanto, destacou que o prisioneiro foi exposto a “tortura severa” após sua captura. Conforme o relato, al-Arida tem ferimentos por todo o corpo após ser interrogado por até vinte soldados israelenses — o prisioneiro permaneceu nu na maior parte do tempo.
“[Al-Arida] dormiu apenas por dez horas desde o último sábado [quando foi capturado] e enfrenta contínuo interrogatório”, observou Mahajneh. “Um dos interrogadores lhe disse: ‘Você não merece viver. Você merece apenas a bala da minha pistola’”.
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Segundo o advogado, al-Arida está detido em uma cela de somente dois metros por um metro, sob vigilância integral de câmeras e carcereiros.
“A primeira vez que se alimentou desde sua captura foi na segunda-feira”, prosseguiu. “Impediram-no de descansar e orar e ele não sabe mais quando é dia ou noite”.
Além disso, apesar das prerrogativas legais, al-Arida foi algemado e acorrentado e seis guardas permaneceram na sala durante todo o encontro com sua defesa.
O prisioneiro não tem informações específicas sobre a recaptura dos outros fugitivos, mas denunciou que a polícia israelense agrediu gravemente Zakaria al-Zubiedi.
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Al-Arida observou não ter ciência do apoio internacional a ele e aos outros fugitivos, mas pediu ao advogado para agradecer a todos pela solidariedade e preocupação.
Durante a reunião com seu advogado, al-Arida compartilhou detalhes da fuga: “Todos nós demos nosso melhor para entrar nas cidades árabes em Israel sem ferir ninguém ou atrair as forças de segurança … Tentamos chegar à Cisjordânia, mas não conseguimos”.
Al-Arida assumiu a responsabilidade por planejar e executar a chamada “Operação Túnel da Liberdade”, a partir de dezembro.
“Nenhum outro prisioneiro ajudou aqueles que escaparam”, enfatizou.
Sua captura foi “acidental”, sem qualquer delação de terceiros: “Uma patrulha de polícia passava pela área onde nos escondíamos e um policial nos viu”.
Os prisioneiros carregavam um pequeno rádio, através do qual acompanhavam as notícias sobre a fuga. Tel Aviv lançou uma enorme operação para recapturar os seis palestinos, após o incidente ser descrito como “vergonha” e “derrota” da ocupação israelense.