O Presidente da Tunísia Kais Saied reiterou ontem (14) que não fará acordos com aqueles que descreveu como “traidores”, segundo informações da agência Reuters.
“Não negocio com traidores e aqueles que gastam recursos para ofender seu país”, declarou Saied em vídeo compartilhado online pela presidência. “Nenhum diálogo com eles!”
Nos últimos dias, relatos foram divulgados pela imprensa local de que o Ennahda — maior partido no parlamento, cujas atividades continuam suspensas sob ordens de Saied — contratou uma companhia estrangeira para mobilizar forças contra o presidente.
O partido, no entanto, nega veementemente as acusações.
“Eles pagaram quase três milhões de dinares [US$1.07 milhões] a grupos estrangeiros para prejudicar seu próprio país”, insistiu Saied; porém, sem mencionar o Ennahda.
Em 25 de julho, o presidente tunisiano apelou ao Artigo n°80 da Constituição para destituir o premiê Hicham Mechichi, congelar o parlamento por 30 dias, revogar a imunidade de ministros e indicar a si mesmo como chefe da autoridade executiva no país.
Em teoria, seus poderes devem durar até a formação de um governo. Até então, contudo, Saied prorrogou a indicação de um novo primeiro-ministro.
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Na última semana, um de seus assessores afirmou que Saied cogitava suspender a Constituição e propor uma versão com emendas a referendo público.
No dia seguinte, a União Geral Tunisiana do Trabalho — proeminente entidade sindical no país — expressou seu repúdio à proposta. Saied aparentemente recuou, ao dizer que qualquer emenda deve ocorrer dentro do texto existente.
O sindicato — assim como o Ennahda, outras forças políticas e democracias ocidentais ligadas à economia tunisiana — exortou o presidente a indicar rapidamente um novo governo e retornar à ordem constitucional no país.
Em seus comentários de ontem, no entanto, reagiu Saied: “O governo é importante. Mas mais importante agora é como funcionará esse novo governo”.