Protestos violentos eclodiram em Aden e outras cidades do sul do Iêmen, devido à pobreza generalizada e cortes de energia elétrica na região, à medida que a coalizão saudita e seu governo aliado enfrentam o colapso dos serviços públicos.
Manifestantes bloquearam estradas, incendiaram prédios do governo e veículos nas ruas.
Um manifestante foi morto e dezenas ficaram feridos na noite de ontem (14), em Sheikh Othman, relataram testemunhas à agência Reuters.
Uma fonte observou que dezenas de pessoas invadiram o palácio presidencial de Maashiq, sede do governo de Abd Rabbuh Mansur Hadi, instaurado com apoio saudita.
“Decidimos protestar porque tornou-se impossível viver assim”, declarou Ahmed Saleh, de 34 anos, funcionário do governo. “Não há eletricidade, água e nossos salários não compram nada! Não vamos esperar morrer para fazer alguma coisa!”
Hadramout, Shabwa e Abyan também registraram protestos nos últimos dois dias.
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Enquanto isso, o Iêmen do Sul permanece paralisado pela disputa de poder entre o governo estabelecido por Riad e separatistas ligados a Abu Dhabi. Ambos são teoricamente aliados sob a coalizão saudita contra rebeldes houthis no norte.
O Conselho de Transição do Sul (CTS), que busca a independência da região, tomou Aden e outras áreas antes da Arábia Saudita promover um acordo de compartilhamento de poder, para reunir adversários políticos em sua batalha contra os houthis.
Contudo, o conflito deteriorou serviços públicos e apagões ou falta de água tornaram-se comuns, além da escassez de suprimentos médicos e humanitários.
O desemprego e a inflação agravam a miséria imposta à população iemenita — isto é, 29 milhões de pessoas, a maioria dependente de auxílio humanitário.
Nesta quarta-feira (15), as ruas de Aden amanheceram calmas, mas lojas e serviços continuaram fechados. Carros carbonizados e barricadas ocupam boa parte da cidade.
Um porta-voz do CTS, entretanto, convocou novos protestos em Shabwa ainda hoje, contra a “ocupação” do governo de Hadi. O presidente prometeu proteger os manifestantes, mas alertou que suas forças policiais não tolerarão “vandalismo”.