O American Jewish Committee (AJC) está liderando uma iniciativa antes da 76ª sessão da Assembleia Geral da ONU, exortando governos e diplomatas a rejeitarem o chamado preconceito anti-Israel em nível internacional. Por meio da Transatlantic Friends of Israel (TFI), com sede em Bruxelas, que foi fundada em 2019, 313 legisladores da Europa e da América do Norte até agora se tornaram signatários de uma declaração que apela à ONU para tratar Israel como faria com qualquer outro Estado.
“Israel merece atenção e escrutínio, como todas as outras nações. Mas também merece tratamento igual – nada mais, nada menos”, diz a declaração parcialmente. A iniciativa pede a rejeição de “resoluções anti-Israel”, eliminando o Item 7 da Agenda do Conselho de Direitos Humanos da ONU e abolindo os comitês e iniciativas que destacam Israel.
Mas se a própria ONU colocou Israel – uma empresa colonial – acima de outros países, o único propósito do escrutínio de Israel em nível internacional é desviar a atenção da sua cumplicidade e da responsabilidade.
Ao contrário do que os aliados de Israel podem alegar, a ONU há muito perdeu credibilidade, não por causa do suposto viés anti-Israel, mas devido à sua corrupção inerente. Com relação à Palestina, a ONU orgulha-se de ter ignorado as demandas palestinas para acomodar o projeto colonial sionista dos colonos. A ONU abandonou qualquer pretensão de defender os direitos humanos por meio de seu apoio à colonização sionista e da recusa de responsabilizar Israel não apenas pela limpeza étnica original da Palestina, mas também pela expropriação em curso que tornou os palestinos refugiados permanentes mesmo em suas próprias terras.
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Alguns diplomatas da UE elaboraram seu apoio à iniciativa da TFI. A eurodeputada grega Anna Michelle Asimakopoulou, por exemplo, exortou “os estados membros da UE e outras democracias a seguir o exemplo dos Estados Unidos e votar contra estas resoluções unilaterais da ONU que visam Israel injustamente”.
Pelo contrário, Israel é recebido favoravelmente a nível internacional. A ênfase que os aliados de Israel colocam em resoluções não obrigatórias tem pouco efeito sobre a diplomacia. Os países que votam contra Israel quando se trata de resoluções da ONU não suspenderam seus laços econômicos ou diplomáticos com o colonialismo de colonos e sua violência, provando o quão ineficaz a ONU é quando se trata de consistência em termos de política e direitos humanos. Quando Israel decide que é hora de testar suas armas em Gaza, as resoluções da ONU são rapidamente postas de lado para acomodar a narrativa de segurança de Israel. Sobre a expropriação palestina, a comunidade internacional não vai além da ajuda humanitária aos refugiados palestinos em troca da renúncia forçada dos direitos à terra e retorno.
A única maneira pela qual as resoluções da ONU podem ser consideradas unilaterais é devido à perda de narrativas palestinas no processo. O abandono das trajetórias históricas palestinas pela ONU torna as resoluções da ONU não apenas ineficazes, mas também inúteis. A alegação de “preconceito” de Israel apenas porque a empresa colonizadora é mencionada nas resoluções é uma reclamação superficial. Por meio do alegado “viés anti-Israel” em nível internacional, o povo palestino foi coagido a perder seus direitos políticos. Nesse sentido, a tendência da ONU é decididamente pró-Israel e justifica uma mudança. Uma mudança da proclamação vazia dos direitos palestinos para um cálculo histórico como o primeiro passo para descolonizar a terra palestina.
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