Apenas um mês antes da data prevista para sua abertura, adiada pela pandemia, a Expo 2020 sediada em Dubai tornou-se alvo de críticas contundentes na Europa, com possibilidade real de boicote por diversos países aos cinco meses de evento.
A detenção do ativista Ahmed Mansoor levou o Parlamento Europeu a apoiar uma resolução para que estados-membros não participem da feira mundial no país do Golfo, além de suspender a exportação de tecnologia de vigilância a Abu Dhabi.
“Autoridades dos Emirados Árabes Unidos violaram os direitos de Ahmed Mansoor por mais de dez anos, com prisão arbitrária, ameaças de morte, agressão física, vigilância do governo e tratamento desumano em custódia”, reportou a resolução europeia.
Ao mencionar um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), o documento observou ainda que Mansoor provavelmente sofreu tortura.
Os representantes europeus condenaram as justificativas para a prisão: “[Mansoor] conclamou por eleições diretas e universais nos Emirados e para que o Conselho Nacional Federal, órgão consultivo do governo, possuísse poderes legislativos”.
“Além disso, [Mansoor] administrava um fórum online chamado Al-Hiwar al-Emarati (Diálogo Emiradense), no qual criticava políticas públicas”, prosseguiu a resolução.
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Violações mais abrangentes também foram citadas no Parlamento Europeu: “Há perseguição sistemática contra ativistas de direitos humanos, jornalistas, advogados e professores que denunciam questões políticas ou de direitos humanos no país”.
Os congressistas da Europa destacaram que, desde 2011, Abu Dhabi intensificou sua repressão às liberdades de associação, assembleia e expressão.
“Ativistas de direitos humanos e seus familiares são submetidos a desaparecimento, detenção arbitrária, tortura, assédio judicial, julgamentos injustos, restrições de viagem, vigilância física e digital e demissão sem justa causa”, compilou o documento.
Segundo os autores da proposta, o sofrimento imposto aos ativistas resultou na resolução com diversas recomendações políticas, além do boicote à Expo 2020.
O Parlamento Europeu então convidou “empresas estrangeiras a retirar seu patrocínio da feira mundial de Dubai e encorajar estados-membros a não participar do evento … a fim de expressar seu repúdio às violações de direitos humanos nos Emirados Árabes Unidos”.