Ativistas palestinos lançaram ontem uma série de campanhas e petições reivindicando a renúncia do Presidente da Autoridade Palestina (AP) Mahmoud Abbas, no poder há mais de 15 anos, segundo informações da agência de notícias Safa.
“Tais campanhas e petições são parte dos direitos consagrados do povo palestino”, observou o escritor e ativista palestino Mohammad Shoukry.
“O próprio Abbas reconheceu tais direitos quando disse na televisão: ‘Quando houver dez pessoas nas ruas pedindo que eu renuncie, renunciarei’”, acrescentou.
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“Nos últimos meses, vimos centenas de pessoas tomarem as ruas por sua renúncia, devido a seu envolvimento no assassinato de Nizar Banat”, reiterou Shoukry, em referência à execução em custódia do ativista político de Hebron (Al-Khalil), no fim de junho.
“Vimos também como a Cisjordânia não pôde proteger os prisioneiros palestinos que escaparam [da penitenciária israelense de Gilboa], pois Abbas, sua Autoridade e seus serviços de segurança perseguiram e combateram qualquer indício de resistência popular contra a ocupação”, argumentou o escritor palestino.
Shoukry acusou Abbas de “ignorar todos os apelos populares por sua renúncia”.
“[Abbas] privou os palestinos de seus direitos básicos, incluindo o direito de realizar eleições livres, adiadas por ele mais de uma vez, porque queria eleições em seus próprios termos”, enfatizou Shoukry, em nome dos ativistas palestinos.
Entre as demandas, está o direito do povo palestino de escolher seus representantes. “Os palestinos merecem ter um presidente que representa seus verdadeiros anseios e que acredita no direito sobre todas as terras palestinas, incluindo Jerusalém”, concluiu.
O mandato de Abbas acabou em 9 de janeiro de 2009, mas o líder idoso jamais cedeu seu posto ao presidente do parlamento, como prevê a lei, e utiliza o faccionalismo como pretexto para impedir eleições executivas ou legislativas e se manter no poder.