Uma gravação de áudio vazada do primeiro-ministro interino do Governo de Unidade Nacional da Líbia, Abdul Hamid Dbeibeh, na qual ele questiona a integridade do judiciário egípcio, pode iniciar uma crise diplomática com o Cairo.
Na gravação de áudio vazada, possivelmente durante uma reunião oficial com o primeiro-ministro egípcio, Dbeibeh é ouvido pedindo ao governo egípcio para intervir em um caso envolvendo o Estado líbio e uma empresa do Kuwait perante o judiciário egípcio.
“Não permita a injustiça contra nós ou nosso povo. Este é o dinheiro do povo líbio, e não podemos, de forma alguma, calar e deixar ir, seja por tribunais que emitem sentenças seja pela fraude de alguns líbios ou por qualquer outra parte”, ouve-se dizer Dbeibeh.
Dbeibeh se referia à disputa judicial entre o Estado líbio e a empresa de construção Kuwaitiana Al-Kharafi, que remonta a 2010, quando o governo liderado por Gaddafi retirou 60 acres de terra na área de Tajura na capital Trípoli da empresa kuwaitiana após adquirida em um contrato de arrendamento de 90 anos.
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A disputa foi transferida para a Justiça egípcia, que decidiu a favor do grupo kuwaitiano. A Líbia foi convidada a pagar uma indenização de US$ 1 bilhão, o que foi rejeitado pelo governo líbio que apelou perante o tribunal de cassação e exigiu a intervenção do governo egípcio no caso.
Dbeibeh disse na gravação que vazou que a Al-Kharafi Company veio do Kuwait para a Líbia com 50 milhões de dinares líbios ou menos para apresentar o projeto.
“Nem um único prego foi implementado na Líbia. Esses números e esses casos foram manipulados, e as sentenças dos tribunais egípcios chegaram a US$ 1 bilhão”, protestou ele ainda.