Rached Ghannouchi, presidente do parlamento tunisiano e líder do movimento Ennahda, minimizou a importância da renúncia de mais de cem membros de seu partido, ao alegar que tais medidas o motivaram a desenvolver o diálogo intrapartidário.
“Lamento profundamente tais renúncias, que afetam, sem dúvida, o movimento e sua coesão”, declarou Ghannouchi em entrevista à Al Jazeera.
Segundo o veterano, no entanto, os filiados decidiram deixar o Ennahda apesar das chances de encontrar uma solução política na próxima conferência do partido.
No total, 131 membros deixaram o Ennahda no sábado (24), ao acusarem a liderança de fracassar em sua resposta às sucessivas crises na Tunísia — social, econômica e sanitária — que culminaram na tomada de poder pelo presidente Kais Saied.
Em julho, Saied destituiu o premiê Hichem Mechichi, congelou o parlamento, outorgou a si próprio autoridade máxima executiva. Opositores apontam golpe de estado; o país permanece em um estado de incerteza política.
Desde a revolução de 2011, que destituiu o longevo ditador Zine el-Abidine Ben Ali, o Ennahda tornou-se o principal partido tunisiano, com maior representação no congresso.
Os ex-filiados do Ennahda atribuíram sua saída a “prejuízos na democracia interna do movimento e decisões unilaterais da liderança … que resultaram em escolhas equivocadas e alianças sem lógica ou benesse, que contradizem nossas promessas eleitorais”.
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