O Parlamento Europeu decidiu na terça-feira bloquear € 20 milhões em ajuda à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês) se mudanças imediatas que promovem “tolerância com o ‘outro’ judeu-israelense” não forem feitas nos livros escolares palestinos. De acordo com a emenda aprovada pelos membros do parlamento, os livros didáticos não devem incluir retórica anti-Israel e devem promover a solução de dois Estados.
“A reserva de € 20 milhões será liberada no próximo ano letivo acadêmico se mudanças substantivas positivas forem feitas no currículo da Autoridade Palestina que promovam a coexistência e tolerância com o ‘outro’ judeu-israelense e educação para a paz com Israel em alinhamento com os objetivos da solução de dois estados”, diz a emenda aprovada.
“Se não houver mudança, as dotações na reserva serão usadas para financiar ONGs palestinas que têm um histórico comprovado de promoção de iniciativas educacionais em ambientes escolares para crianças destinadas a fomentar tolerância, coexistência e respeito para com o ‘outro’ judeu-israelense.”
Os eurodeputados votaram a alteração que afirmava que “discurso de ódio, antissemitismo e incitamento à violência” são encontrados na Autoridade Palestina e nos livros da UNRWA. “Os salários financiados pela UE de funcionários da educação que elaboram livros didáticos palestinos devem ser condicionados a materiais que reflitam valores de paz, tolerância e coexistência.”
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Em abril, o Parlamento Europeu, pela primeira vez em sua história, aprovou uma resolução condenando a UNRWA por incitar ao ódio em seus currículos e exigindo que o conteúdo fosse “removido imediatamente”.
A decisão foi tomada sob pressão do lobby pró-Israel. Ele alega que a UNRWA está ensinando estudantes palestinos em suas escolas a rejeitar as negociações de paz com Israel enquanto promove o antissemitismo, encoraja a jihad e glorifica terroristas e terrorismo.
De acordo com o jornalista e experiente observador da UE David Cronin, porém, o lobby pró-Israel afirma há pelo menos 20 anos que as crianças palestinas são ensinadas a odiar os judeus. A evidência produzida para apoiar suas afirmações, ele insiste, tem sido frágil.
“Isso é colocar as coisas de forma caridosa”, explicou Cronin. “A questão do livro didático é um escândalo fabricado pelo lobby pró-Israel. Em minha opinião, essas alegações desviam o foco do escândalo real, que é que os governos e instituições europeus efetivamente pagam as contas da ocupação militar de Israel”.
Segundo a lei internacional, Israel deve atender às necessidades dos palestinos que vivem sob ocupação, destacou. “A União Europeia, como o maior doador à Palestina, está isentando Israel de suas responsabilidades. E por ter uma relação comercial muito próxima e até mesmo cooperação com os militares de Israel em alguns casos, os governos europeus apoiam os crimes de Israel. Esse é o verdadeiro escândalo.”