O Ministro de Relações Exteriores do Irã Hossein Amirabdollahian afirmou neste sábado (2) que oficiais dos Estados Unidos tentaram abordá-lo para reiniciar as negociações sobre o acordo nuclear, em meados de setembro.
Contudo, o chanceler iraniano insistiu que o primeiro passo deve ser liberar ao menos US$10 bilhões em recursos congelados no exterior, como sinal de boa vontade.
As informações são da agência Reuters.
Teerã rejeitou negociar diretamente com Washington. Porém, conversas indiretas para restaurar o pacto nuclear de 2015 foram lançadas em Viena, em junho deste ano, a fim de impedir a república islâmica de desenvolver armas atômicas.
Recentemente, não obstante, os Estados Unidos utilizaram intermediários nas Nações Unidas para tentar contato com o Irã, declarou o chanceler à televisão estatal.
Teerã permanece sem acesso a dezenas de bilhões de dólares de seus recursos retidos em bancos estrangeiros, sobretudo capital de petróleo e gás natural, devido às sanções americanas impostas a seu setor financeiro e energético.
“Os americanos tentaram contato conosco por diferentes canais [na Assembleia Geral da ONU]”, relatou Amirabdollahian. “Eu disse aos mediadores que, caso as intenções sejam genuínas, é preciso então um indicador genuíno … isto é, a liberação dos US$10 bilhões.
“Eles não estão dispostos a liberar os US$10 bilhões pertencentes à nação iraniana, então podemos dizer que os americanos, nas últimas décadas, jamais demonstraram consideração aos interesses de nosso país”, prosseguiu.
Potências ocidentais pressionam Teerã a retornar às negociações, sob alertas de que seu programa nuclear avança muito além dos limites previstos.
Amirabdollahian reiterou que o Irã pode retornar “em breve” às negociações em Viena, mas recusou-se a conceder um cronograma.
Teerã alega que pode reverter seus avanços nucleares, caso Washington suspenda todas as sanções. Segundo oficiais iranianos e ocidentais, muitas questões permanecem em aberto antes que o tratado internacional possa ser restaurado.
Em 2015, o governo democrata de Barack Obama promoveu a assinatura do acordo nuclear iraniano. No entanto, três anos depois, seu sucessor Donald Trump abandonou o tratado e restitui duras sanções à república islâmica.
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