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Itália tenta obter testemunho de orientadora de doutorando morto no Egito

Protesto na Itália em memória do estudante Giulio Regeni, assassinado no Egito, em 25 de janeiro de 2020 [MARCO BERTORELLO/AFP via Getty Images]

Em visita a Cambridge, no Reino Unido, uma delegação do parlamento italiano tenta persuadir a professora Maha Mahfouz Abdelrahman, orientadora do falecido estudante Giulio Regeni, a testemunhar sobre a natureza de sua pesquisa de doutorado.

O assassinato de Giulio Regeni no Egito [Sarwar Ahmed/Monitor do Oriente Médio]

Regeni foi assassinato no Egito no início de 2016, acusado de espionagem. Seu corpo foi encontrado no acostamento de uma rodovia com marcas visíveis de tortura.

O estudante pesquisava sindicatos independentes no país pós-revolução e foi filmado e delatado por um informante às forças de segurança do governo militar.

Uma autópsia identificou tortura anterior à sua morte. Soldados egípcios quebraram seus dentes e fraturaram ossos da clavícula, mãos, bacia e pés; o doutorando italiano foi eventualmente morto com um golpe no pescoço.

Em 2019, uma testemunha apresentou-se para informar ter ouvido de um agente de inteligência que um “cara italiano” foi espancado por ser um espião.

“Pensamos que ele era um espião inglês … logo que entrou no carro, tivemos de bater nele. Eu dei um golpe no seu rosto”, disse o oficial egípcio, conforme o relato.

Em 2017, a Promotoria Pública da Itália enviou uma petição formal ao Reino Unido para questionar sua orientadora, após queixar-se de que Abdelrahman faltou duas vezes a uma reunião com investigadores, na delegacia de Cambridge.

O jornal italiano La Repubblica reportou que Regeni tinha receios sobre a pesquisa e supostamente sentiu-se pressionado, como confidenciou à sua mãe durante uma conversa por Skype: “Tive que avançar no assunto … Maha insistiu nisso”.

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Uma fonte legal no Egito afirmou à rede Al-Arabi Al-Jadeed que Abdelrahman deve cooperar com o inquérito, incluindo entrevistas gravadas.

O julgamento na capital italiana, conduzido in absentia contra quatro oficiais egípcios, terá início em 14 de outubro, mais de cinco anos após o corpo do estudante ser descoberto.

O regime do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi, no entanto, recusa-se consistentemente a cooperar com a investigação e nega a extradição dos suspeitos.

Roma sofre pressão para responsabilizar o Cairo pela morte de Regeni. Ainda assim, pelo segundo ano consecutivo, o Egito foi identificado como um dos principais consumidores de armas do país europeu, segundo a Rede Italiana por Paz e Desarmamento.

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