A atriz palestina Juna Suleiman, que venceu o prêmio de melhor performance no “Oscar israelense”, observou em seu comunicado de agradecimento que é difícil comemorar devido à “limpeza étnica em curso” contra os palestinos.
Suleiman é um dos destaques de Let It Be Morning, dirigido pelo israelense Eran Kolirin.
“Sob circunstâncias normais, eu seria apenas grata e feliz por este prêmio; infelizmente é impossível, enquanto há esforços ativos para apagar a identidade e o sofrimento dos palestinos, que carrego comigo e que existem em cada papel que desempenho”, afirmou Suleiman.
“Separar meu papel de minha identidade seria um ato cínico e violento, construído sobre tradições colonialistas, ainda vigentes, de limpeza étnica e apagamento de identidades históricas, que não me deixam chance para a felicidade, senão indignação”, acrescentou.
“Essa frustração e indignação são base da mesma experiência que Let It Be Morning traz ao cinema”, concluiu, ao agradecer Kolirin por sua “sensibilidade e compreensão”.
Baseado em um romance do jornalista e roteirista Sayed Kashua, Let It Be Morning já venceu melhor filme nos Prêmios Ophir, maior festival de cinema e televisão israelense, e foi pré-indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
A história acompanha Sami, cidadão palestino de Israel que retorna à sua terra natal junto de sua esposa e filho, para comparecer ao casamento de seu irmão. Na volta, soldados da ocupação o forçam a continuar na aldeia, sem saber por quê ou quanto tempo.
Em julho, o elenco boicotou o Festival Internacional de Cannes, ao emitir uma nota conjunta nas redes sociais, na qual justificou sua ausência como protesto político contra o apagamento cultural do povo palestino, perpetrado pelo Estado de Israel.