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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Mídia ocidental mente sobre a resistência palestina

Um manifestante exibe um cartaz com os dizeres: 'Palestinian Lives Matter' durante um protesto pró-palestino em Berlim, em 19 de maio de 2021 [John Macdougall/AFP via Getty Images]

Os episódios do último confronto direto entre as forças da resistência palestina e Israel, ocorridos em maio de 2021, dizem muito sobre o significado da luta do povo palestino por seu estado nacional independente e soberano, que vem se desenrolando há 73 anos, desde a Nakba, palavra árabe, que significa catástrofe, para designar os eventos que se seguiram após a criação do estado judeu, em 1948.

Os confrontos entre israelenses e palestinos não são novidade. Porém, e como costumeiro, a mídia ocidental alardeia fartamente o senso comum sobre um tal “direito de Israel de se defender”, tratando as forças da resistência, em especial o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), como responsáveis por provocações, ataques com foguetes e prática de terrorismo.

Essa imprensa acusa os movimentos de resistência de fundamentalismo. Omite que a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) reconheceu o Estado de Israel em 1988 e, dentro das negociações de Oslo, em 1993, reiterou e ampliou esse reconhecimento, além de promover várias iniciativas de paz com Israel, desde a conferência de Madri em 1991. É de se perguntar: o que essas negociações deram aos palestinos?

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A mídia pró-Israel tem se esforçado para fazer com que a opinião pública condene quem se opõe às políticas de apartheid e limpeza étnica adotadas contra o povo palestino, geralmente acusando a oposição de antissemitismo, acusação muito conveniente e útil quando eles estão sem argumentos e que geralmente se soma à acusação de vínculo dos ativistas e movimentos de solidariedade com “grupos terroristas palestinos”.

Essa é mais uma desavergonhada manipulação e um dos fatores da perda de apoio de Israel por parte de judeus em todo o mundo, como ocorre nos EUA, e de movimentos da juventude judaica israelense, que se negam a prestar o serviço militar e compactuar com os crimes sistemáticos das forças de ocupação contra palestinos.

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Israel vem atacando militarmente os palestinos desde sua criação. Realizou agressões massivas em 2008/2009, 2012, 2014, 2015, 2018 e 2021, assassinando milhares de palestinos, apoderando-se de terras, expandindo as colônias judaicas ilegais, sitiando Gaza, violando sistematicamente direitos humanos e acumulando o estarrecedor número de mais de 4.650 presos políticos, sendo que, entre esses, se encontram cerca de 200 crianças, 40 mulheres e 10 parlamentares do Conselho Legislativo Palestino.

Para a resistência palestina, é impensável, imoral e injusto esperar que os palestinos, que são continuamente oprimidos e subjugados pela ocupação militar israelense, compactuem com as condições humilhantes de Israel. Não há precedentes na história moderna em que um povo consentiu o roubo de sua terra natal sem resistir, e o povo da Palestina definitivamente vem demonstrando, ao longo desses 73 anos, que não será exceção.

Essa mídia pró-Israel tenta lustrar o estado judeu como “a única democracia no Oriente Médio”. Afirmações como essa não passam de uma cortina de fumaça para esconder a exclusividade étnico-religiosa judaica inerente à ideologia racista sionista, as desigualdades estruturais e as práticas discriminatórias que o Estado de ocupação israelense realiza contra seus cidadãos não judeus.

A verdade que se sobrepõe a essa lorota difundida pela mídia ocidental é a adoção da chamada Lei Básica do Estado-Nação do Povo Judeu, um tratado racista aprovado pelo Knesset (o Parlamento israelense) em 19 de julho de 2018, por meio da qual Israel passa a ser legalmente um Estado exclusivo para judeus. A legislação em questão não tem nenhum precedente dessa natureza no mundo, além de contrariar a quase totalidade dos países membros da Organização das Nações Unidas, que reconhecem o direito dos palestinos ao seu estado independente e soberano.

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O programa político do Hamas, adotado em setembro de 2017, intitulado Documento Geral de Princípios e Políticas, defende que o estabelecimento do “Estado de Israel” com base em decisões unilaterais é completamente “ilegal e transgride o inalienável direito do povo palestino e vai contra sua vontade e a vontade da Nação”, por se tratar de uma violação de direitos humanos, que são garantidos pela Carta das Nações Unidas e por convenções internacionais, sendo o primeiro entre eles o direito à autodeterminação.

Goste a mídia pró-Israel ou não, o povo palestino tem o direito legítimo de existir e de resistir à ocupação sionista, ao apartheid e à limpeza ética, com todas as medidas e os métodos possíveis, inclusive pelas armas. É legítima a reação da resistência de Gaza, tendo à frente o Hamas, a Jihad Islâmica e a Frente Popular para Libertação da Palestina, diante das agressões de Israel, pois essas são ações de confronto contra a ocupação em concordância com o direito internacional, como ocorreu no Vietnam, na Argélia, na Síria, no Iraque e no Iêmen.

As forças da resistência palestina e o movimento de solidariedade internacional são contra Israel enquanto um estado colonial que ocupa a Palestina e sujeita o seu povo aos horrores da guerra, da colonização e do deslocamento, e não por ser um “estado judeu”; por querer justiça e o respeito ao Direito Internacional, e não por serem antissemitas.

O conflito entre Israel e palestinos é fundamentalmente político, e os palestinos estão lutando por liberdade e autodeterminação. Se a Palestina tivesse sido ocupada por outro povo que tivesse uma religião semelhante ou diferente dos sionistas colonizadores, o povo palestino estariam lutando contra ela com toda a força com que vem lutando nesses 73 anos de apartheid e usurpação israelense.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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