O movimento Ennahda — maior partido da Tunísia — condenou ontem (14) o que descreveu como “governo de facto” liderado pela premiê recém empossada Najla Bouden.
Em nota, o Ennahda insistiu que o governo “viola procedimentos constitucionais”.
“Perder a legitimidade do governo agravará os desafios e obstáculos enfrentados em torno de assuntos nacionais e junto de parceiros internacionais … além de dividir o povo, alimentar conflitos e prejudicar a unidade nacional”, afirmou o comunicado.
O Ennahda enfatizou ainda seu repúdio sobre a “suspensão da constituição e instituições de estado”, advertiu contra a “pressão contínua ao judiciário” e exortou “respeito à independência judicial para executar seus deveres ao proteger direitos e liberdades”.
Em 25 de julho, o presidente Kais Saied apelou ao Artigo 80 da Constituição para destituir o premiê Hicham Mechichi, congelar o parlamento, revogar imunidade de ministros e outorgar a si próprio máxima autoridade executiva, até formar um novo governo.
Nas semanas anteriores, protestos violentos eclodiram em diversas cidades do país, criticando a abordagem do governo sobre a crise econômica e o coronavírus. Na ocasião, alguns manifestantes reivindicaram a dissolução do parlamento.
A maioria dos partidos políticos, no entanto, rechaçou os avanços de Saied como golpe contra a Constituição e as conquistas democráticas da revolução de 2011.
Saied indicou Najla Bouden como nova primeira-ministra em 29 de setembro, mais de dois meses após ações descritas como “golpe de estado”.
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