Uma juíza de Roma suspendeu ontem (14) o julgamento de quatro agentes de segurança do Egito, acusados de sequestrar, torturar e executar o doutorando Giulio Regeni, sob pretexto de que não há certeza de que foram formalmente notificados sobre as acusações.
As informações são da rede Al Jazeera.
O estudante italiano de 26 anos conduzia sua pesquisa para a Universidade de Cambridge na cidade do Cairo, quando desapareceu em 25 de janeiro de 2016. Nove dias depois, seu corpo foi enfim encontrado com evidências de tortura.
Durante a última audiência, a promotoria exortou a corte a manter o julgamento em curso, ao argumentar que o regime egípcio de Abdel Fattah el-Sisi obstruiu efetivamente as investigações e impediu o judiciário de Roma de contactar os suspeitos.
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“O que está em jogo é o direito da Itália de julgar um crime hediondo que ocorreu no exterior, mas que envolveu um cidadão italiano”, enfatizou o promotor Sergio Colaiocco, ao observar que os réus têm plena ciência do processo, mas escolheram não comparecer.
Contudo, a juíza Antonella Capri recusou-se a continuar o processo e ordenou que os promotores tentem localizar novamente os quatro suspeitos.
Em maio, no entanto, uma audiência preliminar determinou que a cobertura da imprensa pressupunha que as informações chegaram aos réus.
Os acusados são: Magdi Ibrahim Abdelal Sharif, oficial de inteligência do Egito; o general Tariq Sabir, ex-comandante de segurança pública; o coronel da polícia Usham Helmi; e o também policial Athar Kamel Mohamed, ex-chefe de investigações do Cairo.
Os crimes envolvem sequestro e lesão corporal; Sharif foi indiciado também por “conspiração para cometer homicídio qualificado”.
O início do julgamento in absentia estava previsto para 14 de outubro, mais de cinco anos após o corpo de Regeni ser descoberto. O regime do presidente e general Sisi, porém, recusa-se a cooperar com as investigações e nega a extradição dos suspeitos.