O presidente tunisiano Kais Saied expressou ontem a insatisfação de seu país com as discussões do Congresso dos EUA sobre a democracia no estado norte-africano.
Em uma reunião com o embaixador dos EUA na Tunísia, Donald Blom, no Palácio de Cartago, Saied “informou o embaixador dos EUA de sua insatisfação com a inclusão da situação na Tunísia na agenda do Congresso dos EUA”.
“O Presidente indicou que as relações entre os dois países continuarão fortes, apesar do fato de que vários tunisianos estão tentando distorcer o que está acontecendo na Tunísia e tentando encontrar pessoas para ouvi-los no exterior”, acrescentou uma declaração tunisiana.
Na terça-feira, os Estados Unidos, nas palavras do porta-voz do Departamento de Estado Edward Price, parabenizou a Tunísia pela formação de um novo governo, expressando sua esperança de que isto “estabeleça um caminho inclusivo para um rápido retorno à ordem constitucional”.
Entretanto, o Subcomitê de Relações Exteriores do Congresso dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Norte da África e Contra-terrorismo Global disse que a democracia na Tunísia está em perigo após uma série de ordens executivas emitidas por Saied.
Em 25 de julho, o presidente tunisino Kais Saied citou o artigo 80 da Constituição para demitir o primeiro-ministro Hicham Mechichi, congelar os trabalhos do Parlamento por 30 dias, suspender a imunidade dos ministros e nomear-se chefe da autoridade executiva até a formação de um novo governo.
Tal fato ocorreu após violentos protestos em várias cidades tunisianas criticando o tratamento da economia e do coronavírus por parte do governo. Os manifestantes haviam pedido a dissolução do parlamento.
A maioria dos partidos políticos do país crititicaram o ato chamando de um “golpe contra a constituição” e as conquistas da revolução de 2011.
Em 29 de setembro foi nomeado um primeiro-ministro e desde então foi formado um novo governo.
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