O primeiro-ministro do Sudão, Abdullah Hamdok, apresentou na sexta-feira um roteiro para acabar com a “pior e mais perigosa” crise do país entre os componentes político e militar do governo, informaram agências de notícias.
Falando na TV estatal, Hamdok anunciou: “A tentativa de golpe abriu a porta para a discórdia, e para todas as disputas e acusações ocultas de todos os lados e, dessa forma, estamos jogando o futuro de nosso país e povo e a revolução ao vento”.
No mês passado, uma tentativa de golpe foi supostamente prejudicada. Desde então, os parceiros militares e civis que compartilham o poder estão engajados em uma guerra de palavras.
Os militares do Sudão e uma coalizão de partidos políticos civis governaram sob um acordo de divisão de poder desde a remoção do ex-presidente Omar Al-Bashir em 2019.
De acordo com Hamdok, o conflito em curso é entre aqueles que acreditam em uma transição para a democracia e liderança civil e aqueles que não acreditam.
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“Não sou neutro ou um mediador neste conflito. Minha posição clara e firme é o alinhamento completo com a transição democrática civil”, disse Hamdok.
A Reuters relatou que Hamdok afirmou em seu discurso na TV que havia falado com os dois lados e apresentado um roteiro que pedia o fim da escalada e da tomada de decisão unilateral, e um retorno a um governo funcional.
Ele enfatizou a importância da formação de uma legislatura de transição, reforma das forças armadas e ampliação da base para a participação política.
Grupos políticos alinhados com os militares convocaram protestos na capital sudanesa, Cartum, no sábado, informou a Reuters. Enquanto isso, grupos que defendem o governo civil convocaram protestos em 21 de outubro.