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Hezbollah exige fechamento do inquérito sobre a explosão em Beirute

Protesto exige justiça pela explosão no porto de Beirute, em frente ao Palácio da Justiça, na capital libanesa, em 13 de outubro de 2021 [Mahmut Geldi/Agência Anadolu]
Protesto exige justiça pela explosão no porto de Beirute, em frente ao Palácio da Justiça, na capital libanesa, em 13 de outubro de 2021 [Mahmut Geldi/Agência Anadolu]

Redes de imprensa filiadas ao grupo xiita Hezbollah — por sua vez, ligado a Teerã — ecoaram demandas do movimento pelo fechamento absoluto do inquérito independente sobre a enorme explosão que devastou Beirute, em agosto de 2020.

Nas últimas semanas, a investigação em curso e o eventual julgamento incitou tensões sectárias e mesmo violência nas ruas da capital libanesa.

Em artigo publicado no website Al-Akhbar, na sexta-feira (15), seu editor-chefe Ibrahim al-Amin foi um passo além de sua oposição contumaz ao juiz Tarek Bitar, responsável pelo caso, ao reivindicar o encerramento total da investigação.

Notório por seus editoriais controversos, al-Amin mencionou os violentos confrontos que ocorreram nesta semana, nas ruas de Beirute, durante um protesto organizado por apoiadores do Hezbollah e do movimento xiita Amal.

Segundo o relato do Al-Akhbar, ao chegar no bairro cristão de Tayouneh, a marcha foi recebida por franco-atiradores, o que resultou em retaliação por parte do Hezbollah.

Sete pessoas morreram na troca de tiros, mais de 30 ficaram feridas.

Al-Amin então escreveu: “Após tudo que aconteceu … após os crimes cometidos ontem, a liderança da resistência [Hezbollah] … deseja o seguinte: primeiro e mais importante, o fechamento do processo insano liderado por Tarek Bitar”.

Segundo o artigo, o movimento xiita demandou ainda “o julgamento daqueles que planejaram, distribuíram ordens e executaram os assassinatos de Tayouneh”, além de “responsabilizar aqueles que negaram proteção aos manifestantes desarmados”.

Bitar é o segundo juiz a assumir o inquérito sobre a explosão no porto de Beirute, após seu antecessor ser exonerado em fevereiro, sob forte pressão de grupos e ministros xiitas e sunitas, possivelmente investigados pela comissão judicial.

Bitar, não obstante, reuniu em particular a oposição do Hezbollah, que o acusa de enviesamento por convocar políticos aliados ou filiados ao grupo.

Em meio às diversas crises que assolaram o país no último ano — incluindo colapso da moeda nacional, escassez de bens essenciais e blecautes —, muitos libaneses consideram o movimento xiita como um dos catalisadores dos problemas em questão.

Além disso, o evidente repúdio do grupo ao inquérito independente renovou suspeitas de seu envolvimento na catástrofe, ao menos na corrupção pública e sistêmica que permitiu o armazenamento indevido de toneladas de nitrato de amônio no porto.

Neste contexto, portanto, as demandas do Hezbollah e entidades aliadas, como o Al-Akhbar, para desmantelar a investigação por completo, devem agravar tamanha desconfiança e a subsequente crise na sociedade libanesa.

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