Mais de dez mil crianças foram mortas ou feridas no Iêmen, desde o início do conflito, ainda em curso, confirmou ontem (19) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
“Dez mil crianças no Iêmen foram mortas ou mutiladas desde a escalada da guerra, a partir de março de 2015, entre o governo aliado da Arábia Saudita e rebeldes houthis, por sua vez, ligados ao Irã”, declarou James Elder, porta-voz da Unicef.
Ao descrever os números como “marco lamentável” no país, Elder reiterou que apenas casos verificados foram incluídos no relatório e advertiu para a subnotificação.
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O oficial da ONU destacou ainda que quatro entre cada cinco menores de idade — isto é, 11 milhões de crianças — dependem de assistência humanitária para sobreviver.
“Quatrocentas mil crianças iemenitas sofrem de grave desnutrição”, acrescentou.
Conclusão: as crianças no Iêmen não morrem de fome por falta de comida — morrem de fome porque suas famílias não podem pagar por seu alimento. Morrem de fome porque os adultos continuam a travar uma guerra na qual as crianças são as maiores vítimas.
explicou Elder.
O porta-voz da Unicef observou também que mais de dois milhões de crianças iemenitas não têm acesso à escola e que 1.7 milhões de crianças, junto de suas famílias, sofreram deslocamento forçado devido à violência.
“Um índice aterrador de 15 milhões de pessoas — incluindo 8.5 milhões de crianças, mais da metade — não tem acesso a água potável e saneamento básico”, prosseguiu.
O Iêmen — país mais pobre do Oriente Médio — é assolado por uma guerra civil desde o fim de 2014, quando rebeldes houthis capturaram a capital. O conflito escalou em março seguinte, quando uma coalizão saudita interveio para restaurar o governo aliado.
A violência levou à pior crise humanitária do mundo, de acordo com a ONU; vinte milhões de pessoas — dois terços da população — dependem de assistência para sobreviver.