O Ministro da Defesa israelense Benny Gantz declarou nesta sexta-feira seis grupos da sociedade civil palestina como organizações terroristas, acusando-os de ligações com a Frente Popular para a Libertação da Palestina (PFLP), relatou o Middle East Eye.
Israel DM, Benny Gantz, Classifies 6 Palestinian Institutions as "Terrorist Institutions": Addameer, AlHaq, the Defense for Children -Palestine branch, Union of Agricultural Work Committees, Bisan Center for Research and Development and Union of Palestinian Women Committees pic.twitter.com/8OO6EZZKfQ
— Alaa Daraghme (@AlaaDaraghme) October 22, 2021
Entre os acusados de “terrorismo” está o proeminente grupos de defesa Addameer, que apóia os presos políticos palestinos, o Al-Haq, uma organização de direitos humanos que trabalha com as Nações Unidas e a ONG Defense for Children International – Palestine (DCIP), que defende o direito das crianças na Palestina. Também estão listados a União dos Comitês de Trabalho Agrícola, o Centro Bisan de Pesquisa e Desenvolvimento e a União dos Comitês de Mulheres Palestinas. “A lista inclui alguns dos grupos mais vitais que trabalham nos territórios ocupados”, escreve o editor-chefe da +972 Magazine, Edo Konrad.
BREAKING: Defense Minister Benny Gantz declares 6 Palestinian human rights groups “terrorist organizations.” List includes some of the most vital groups working in the occupied territories, such as @alhaq_org, @Addameer, @DCIPalestine and the Union of Palestinian Women Committees
— Edo Konrad (@edokonrad) October 22, 2021
Em uma declaração, o escritório de Gantz disse que eles são “parte de uma rede de organizações que operam sob cobertura na arena internacional” em nome da PFLP, um grupo de resistência marxista-leninista.
“Estas organizações operam sob o disfarce de ‘organizações da sociedade civil’, mas na prática pertencem e formam um braço da liderança da organização, cujo objetivo é destruir Israel enquanto participa de atos terroristas”, afirmou, acusando os grupos de serem controlados pelo PFLP e empregarem “agentes que estavam envolvidos em atividades terroristas”.
A atitude foi denunciada pelo grupo israelense de direitos humanos B’Tselem, que afirmou que a mudança “é um ato característico dos regimes totalitários, com o claro propósito de fechar essas organizações”.
“Mas a guerra não é paz, a ignorância não é poder – e o governo atual não é um governo de mudança, mas um governo de continuação do violento regime do apartheid que está em vigor há muitos anos entre o mar e o rio Jordão”, afirmaram. “B’Tselem está solidário com nossos colegas palestinos, orgulhoso de nosso trabalho conjunto com eles ao longo dos anos – e continuará a fazê-lo”.
1. Israel’s “change” government's designation of Palestinian human rights organizations as “terror organizations” is an act characteristic of totalitarian regimes, with the clear purpose of shutting down these organizations. https://t.co/EoTMxayBK5
— B'Tselem בצלם بتسيلم (@btselem) October 22, 2021
“Durante anos, grupos palestinos e israelenses de direitos humanos advertiram que Israel estava escalando seus ataques à sociedade civil. Agora o governo declarou seis importantes ONGs palestinas como ‘organizações terroristas’, com base na ridícula alegação de que elas servem como ‘armas’ do PFLP”, escreveu no Twitter Amjad Iraqi, editor da +972.
LEIA: Israel expulsa chefe do Comitê de Cemitérios Islâmicos de Jerusalém
“Este é um momento horripilante. Anos de impunidade alimentaram a arrogância autoritária de Israel, ensinando-lhe que, por mais que aprofunde o apartheid, seus aliados na Europa e nos Estados Unidos não farão nada. Essa arrogância continua com o governo de Bennett-Lapid, e o mundo ainda a permite”.
For years Palestinian & Israeli human rights groups warned that Israel was escalating its attacks on civil society. Now the govt has declared six leading Palestinian NGOs as "terrorist organizations," based on the ludicrous claim that they serve as "arms" of the PFLP.
— Amjad Iraqi (@aj_iraqi) October 22, 2021
De acordo com o Middle East Eye, a ação de Gantz é um duro golpe para a sociedade civil palestina. Addameer fornece representação gratuita e aconselhamento legal a centenas de prisioneiros palestinos, muitos dos quais estão presos em prisões israelenses indefinidamente e sem acusação. Também documenta as violações israelenses e destaca os maus-tratos a menores palestinos.
A Al-Haq, entretanto, pesquisa e documenta violações do direito humanitário internacional na Cisjordânia ocupada, em Jerusalém Oriental e na Faixa de Gaza. O grupo diz que documenta violações “independentemente da identidade do perpetrador”.
O DCIP promove e protege os direitos humanos das crianças palestinas, oferecendo assistência jurídica gratuita, documentando violações do direito internacional e advogando por maiores proteções.
A União dos Comitês de Mulheres Palestinas luta para capacitar as mulheres para alcançar a equidade real entre homens e mulheres, assim como a equidade entre todas as classes sociais.
LEIA: A violência dos colonos e a teia impenetrável da impunidade de Israel
A União dos Comitês de Trabalho Agrícola é uma organização agrícola líder na Palestina que trabalha para apoiar os pequenos agricultores e comunidades vulneráveis.
O centro Bisan trabalha com organizações juvenis, instituições feministas e organizações da sociedade civil em áreas marginalizadas e rurais de toda a Palestina para apoiar sua luta no avanço de seus direitos socioeconômicos, Bisan tem sido capaz de fomentar iniciativas e eventos culturais que decorrem da crença de Bisan em apoiar a participação de jovens e mulheres.