O enviado especial das Nações Unidas (ONU) para a Síria, Geir Pedersen, anunciou, na sexta-feira, que a sexta rodada de reuniões do Comitê Constitucional da Síria em Genebra terminou “sem fazer nenhum progresso”.
“A rodada foi concluída com grande decepção, pois não chegou a nenhum entendimento ou consenso entre as partes sírias”, revelou Pedersen em entrevista coletiva realizada na sede da ONU em Genebra.
“A delegação do regime não apresentou documentos no último dia das reuniões, o que foi uma grande decepção”, indicou.
Afirmou: “A delegação do governo decidiu não apresentar novos textos, e a delegação da oposição decidiu que não responderia aos textos apresentados pelo governo ou pelo grupo da sociedade civil. Essa rodada não nos ajudou a chegar a um entendimento sobre questões comuns ou terreno comum e, como eu disse, foi uma fonte de decepção”.
Pedersen fez um balanço do sexto turno, explicando: “Antes da chegada das delegações, combinamos com os dois copresidentes (Ahmed Al-Kuzbarif do regime e Hadi Al-Bahra da oposição) que apresentariam quatro títulos, todos delegações, o regime, a oposição e a sociedade civil, sim”.
“Começamos a reunião conforme nosso acordo e, em uma semana, os dois presidentes (Al-Kuzbari e Al-Bahra) se reuniam comigo e com membros do escritório (ONU), às vezes várias vezes por dia. As reuniões foram francas e profissionais e incluíram discussões francas”, acrescentou.
“Depois de discussões sobre os tópicos que deveriam ser escritos nas minutas constitucionais e que enviaremos para a reunião, os princípios foram apresentados e foram tempos difíceis e bons”, continuou Pedersen. “Concordamos que vamos nos concentrar hoje (sexta-feira) em apresentar os princípios que foram discutidos e chegar ao que pode ser chamado de um acordo provisório preliminar, se possível, ou chegar a um consenso sobre o que não concordamos, ou parte disso.”
Ele também acrescentou: “A discussão de hoje foi uma fonte de grande decepção, não alcançamos o que esperávamos e acho que faltou um bom entendimento de como avançar com esse entendimento.”
Concluiu insistindo: “O processo deve ser construído sobre a confiança, mesmo que seja muito pequena, para reduzir as diferenças e definir os espaços de divergência e de concordância”.
O sexto turno das reuniões da Comissão Constitucional começou na segunda-feira passada e terminou no sábado, tal como os últimos cinco turnos, sem avançar.
Na sexta volta dos trabalhos da Comissão Constitucional, a comissão reuniu-se com um pequeno corpo de 45 membros, igualmente distribuídos entre o regime, a oposição e representantes da sociedade civil.
O Comitê Constitucional da Síria foi estabelecido em 2019 após esforços dos estados garantes do Processo de Astana – Turquia, Rússia e Irã – e é composto de 150 membros que compõem o órgão ampliado igualmente entre os três partidos sírios.
Cinco rodadas realizadas desde a fundação da rodada não obtiveram nenhum progresso. O sexto turno viu o regime participando do processo constitucional ao lado de outros partidos.
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