A gigante de petróleo saudita Aramco planeja alcançar zero emissão de carbono em suas operações até 2050, ao expandir sua capacidade máxima de produção sustentável a 13 milhões de barris por dia, afirmou o diretor executivo Amin Nasser neste sábado (23).
As informações são da agência Reuters.
Nasser, contudo, alertou para a queda exponencial da capacidade global excedente de petróleo cru, ao reivindicar mais investimentos. Segundo o empresário, “demonizar” a indústria de hidrocarbonetos é contraprodutivo para salvaguardar a estabilidade energética.
“A Aramco alcançará sua ambição de zero carbono em nossas operações até 2050”, declarou Nasser durante sessão da Iniciativa Verde Saudita.
No mesmo evento, Mohammed Bin Salman — príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita — prometeu liquidar as emissões de carbono em seu país até 2060.
Nasser defendeu que o investimento em gás natural pode ajudar sua empresa a eliminar grande parte da queima de resíduos líquidos em território saudita. Para o empresário, é preciso uma transição energética ordenada em paralelo com novas fontes já existentes.
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No entanto, Nasser advertiu ainda que a Aramco não pode trabalhar sozinha para garantir a demanda do mercado global, à medida que as economias recuperam-se gradualmente da crise deixada pela pandemia de covid-19.
Nas últimas semanas, os preços dos insumos energéticos alcançaram novos recordes, incluindo petróleo e gás natural. Ásia, Europa e Estados Unidos registraram falta de combustíveis.
“A capacidade excedente — nosso ponto de vista — é cerca de 3.4 milhões de barris por dia e declina rapidamente”, enfatizou Nasser, ao argumentar que o retorno da indústria aérea a níveis pré-pandemia deve esgotar boa parte dessa capacidade.
“Nossos investimentos não serão suficientes”, acrescentou. “O resto do mundo precisa fazer o investimento certo agora mesmo; caso contrário, teremos uma crise econômica global”.
Em maio, a Agência Internacional de Energia (AIE) reiterou em seu relatório “Net Zero by 2050” que investidores devem deixar de financiar novos projetos de abastecimento de petróleo, carvão e gás natural a partir deste ano.
Às vésperas da cúpula ambiental das Nações Unidas, em outubro, a AIE destacou que recursos destinados à energia renovável devem triplicar nesta década, caso o planeta queira combater de fato as mudanças climáticas e manter sob controle os mercados energéticos.