O Ministro de Relações Exteriores do Líbano Abdallah Bou Habib expressou ontem (24) seu desejo de melhorar relações com a Arábia Saudita; contudo, sem reciprocidade.
Em entrevista à emissora de televisão Al-Jadeed, afirmou o chanceler: “Queremos nos reaproximar da Arábia Saudita, mas eles não querem o mesmo … estou pronto para visitar o reino a qualquer momento, mas não está em minhas mãos”.
Bou Habib enalteceu o diálogo entre Teerã e Riad, tema discutido durante visita de sua contraparte iraniana ao Líbano, sob promessas de um “reflexo positivo” ao país levantino.
Segundo o ministro, Beirute permanece de portas abertas a representantes regionais e internacionais — “caso venha um ministro americano ou saudita, serão todos bem-vindos”.
Desde 2019, o Líbano vivencia uma série de crises políticas e socioeconômicas, incluindo instabilidade do governo, colapso cambial e escassez de combustível e bens essenciais.
Todavia, a ausência saudita tornou-se notória, sem qualquer oferta pública para ajudar o Líbano, em contraste com a vasta influência política de poucos anos atrás.
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Relações entre os países se deterioraram exponencialmente em 2020, quando a monarquia baniu importações libanesas sob pretexto de tentativas de tráfico de drogas, escondidas entre remessas de commodities, como frutas e vegetais.
Ao expressar apreensão sobre a presença do Hezbollah — aliado de Teerã — no governo libanês, Riad também retirou grande parte de seu apoio ao país, a fim de pressionar Beirute a contrapor a influência do movimento xiita e implementar reformas.
Neste mês, a Arábia Saudita sugeriu ainda “esperanças” de que a situação no Líbano seja estabilizada, mas aconselhou seus cidadãos a não viajar ao país mediterrâneo, devido à suposta deterioração das condições de segurança na região.
Beirute, porém, ainda deseja o apoio da monarquia. Em setembro, o jornal kuwaitiano Al-Jarida reportou apelos do premiê libanês Najib Mikati para visitar Arábia Saudita, Kuwait, Catar e Egito, a fim de reunir ajuda financeira dos estados árabes.
Somente o Kuwait respondeu a seus pedidos.
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