Neste domingo (24), o Papa Francisco exortou os países a não devolverem refugiados a áreas de risco, onde sofrem violência e condições desumanas análogas a campos de concentração.
Os apelos do pontífice, durante sua bênção dominical, sucederam esforços da União Europeia para superar divergências sobre os refugiados. Ao longo da última década, a crise migratória alimentou grupos e regimes nacionalistas e populistas por todo o bloco.
“Temos de pôr fim à devolução de refugiados a países que não são seguros … incluindo milhares de migrantes, refugiados e outros que precisam de proteção na Líbia”, declarou Francisco.
Segundo o chefe máximo da Igreja Católica, é preciso priorizar resgates no Mar Mediterrâneo, permitir o desembarque ordenado, fornecer alternativas ao encarceramento e abrir rotas regulares de imigração e requerimento de asilo.
Francisco pediu ainda à comunidade internacional para “manter suas promessas” e encontrar soluções duradouras para gerenciar o fluxo migratório de países como a Líbia.
“Muitos desses homens, mulheres e crianças são sujeitos a violência desumana”, reiterou.
“O quão sofrem aqueles que retornam! Há verdadeiros lagers por aqui”, insistiu o pontífice, recorrendo ao vocábulo alemão frequentemente utilizado na Itália para referir-se a campos de concentração. Falando aos refugiados, acrescentou:
Jamais vos esquecerei! Ouço seus lamentos!
Neste mês, o Alto-Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos reivindicou um inquérito sobre força “desproporcional e desnecessária” adotada na Líbia para deter refugiados africanos, incluindo balear e mesmo executar aqueles que tentassem fugir.
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No sábado (23), um dia antes dos apelos de Francisco, ocorreu a última sessão do julgamento de Matteo Salvini, ex-ministro e líder da extrema-direita na Itália, acusado de sequestro por impedir que um barco de refugiados atracasse no país, em 2019.
A União Europeia, não obstante, reforçou regras e barreiras contra a chegada de um milhão de refugiados através do Mediterrâneo, há cerca de seis anos, e fechou acordos com Turquia e Líbia, entre outros, para conter o fluxo migratório no meio do caminho.