Artefatos roubados das ruínas de Palmira, na região central da Síria, foram supostamente avistados no gabinete do parlamentar libanês Nohad Machnouk, durante entrevista concedida à emissora de televisão local Al-Jadeed.
O caso retomou o debate sobre o contrabando de antiguidades na região.
Os objetos, vistos no plano de fundo de sua entrevista por videoconferência, consistem em cabeças de estátuas que remetem ao sítio arqueológico.
#المشنوق: المرجع الدستوري الفرنسي "المُحايد" حسم عدم اختصاص #البيطار pic.twitter.com/VbI29mvAPh
— Nohad Machnouk (@NohadMachnouk) October 11, 2021
Saad Fansa, diretor da Associação el-Adiyat para Proteção das Antiguidades em Damasco, afirmou ao site de notícias Enab Baladi que as estátuas em questão foram saqueadas do museu sírio radicado em Palmira, entre 2014 e 2015.
Ao longo da guerra civil, Palmira e outros locais históricos foram tomados pelo grupo terrorista Estado Islâmico (Daesh); mais tarde, foram recapturados pelo regime de Bashar al-Assad.
As ruínas romanas foram então sujeitas a saques por quase uma década, alimentando uma rede internacional de contrabando de antiguidades. O vizinho Líbano tornou-se um mercado majoritário, pela facilidade de transportar artefatos através da fronteira.
No decorrer dos anos, esforços internacionais tentaram localizar e recuperar os artefatos.
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Segundo o jornalista Omar al-Buniya, a Interpol solicitou à Diretoria-Geral de Antiguidades e Museus da Síria detalhes sobre os itens extraviados. Porém, devido à falta de arquivos adequados, a agência repassou o problema a “missões estrangeiras” na Síria.
Segundo Ayman al-Nabo, diretor do Museu de Idlib — bastião oposicionista no noroeste do país —, Damasco deliberadamente não mantém documentos sobre as antiguidades.
Al-Nabo acusa oficiais do regime de participar ativamente no comércio ilegal de objetos históricos, de modo que a falta de registro favorece o contrabando.
Apesar da semelhança com os artefatos roubados, Machnouk insistiu ao website Megaphone que os objetos estão em seu escritório há mais de dez anos, conforme documentos e regulações promulgadas pelo Ministério da Cultura.
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