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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Enviado de Israel rasga relatório de direitos humanos da ONU

Gilad Erdan, embaixador israelense na ONU, em Jerusalém, 11 de dezembro de 2018 [AHMAD GHARABLI/AFP/Getty Images]

O embaixador israelense Gilad Erdan literalmente rasgou uma cópia do relatório anual do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, após subir no púlpito da Assembleia Geral, sob alegações de viés contra a ocupação, reportou a imprensa internacional.

Durante sessão extraordinária da Assembleia Geral, Michelle Bachelet — comissária de direitos humanos da ONU — apresentou o relatório aos estados-membros.

O documento detalha abusos israelenses cometidos durante a brutal ofensiva contra a Faixa de Gaza, em meados de maio, que matou ao menos 260 palestinos, incluindo 67 crianças.

Famílias inteiras foram assassinadas por bombardeios contra áreas civis, incluindo o proeminente médico Ayman Abu al-Ouf e doze parentes.

O relatório condenou veementemente o massacre de Israel.

Acrescentou:

As obras em curso do muro desenvolvidas por Israel, potência ocupante, nos territórios palestinos ocupados, incluindo dentro e ao redor de Jerusalém Oriental, e seu respectivo regime contradizem a lei internacional.

Além disso, a agência humanitária reafirmou “o princípio de inadmissibilidade sobre a aquisição de terras à força” e expressou profunda apreensão sobre a “fragmentação dos territórios palestinos … via atividades coloniais e outras medidas”.

O relatório também enfatizou que a “impunidade de longa data a violações da lei internacional permitiu a reincidência de graves abusos, sem qualquer consequência”.

O documento destacou ainda a importância de responsabilizar devidamente a ocupação israelense, a fim de “garantir justiça e acesso a uma solução efetiva, dissuadir outras violações, proteger a sociedade civil e promover a paz”.

Forças israelenses carregam o corpo de um palestino com um trator [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

A agência humanitária destacou ainda crimes de guerra e lesa-humanidade.

Em seguida, lamentou as “persistentes consequências negativas dos conflitos dentro e ao redor da Faixa de Gaza, incluindo todas as baixas, com destaque a civis palestinos, dentre os quais, crianças, além de violações ainda em curso contra a lei internacional”.

O relatório exortou então “pleno respeito à lei internacional de direitos humanos e aos princípios de legalidade, distinção, precaução e proporcionalidade”.

Outro ponto abordado foi a “situação crítica em termos humanitários, socioeconômicos e de segurança em Gaza … resultado de fechamentos prolongados e restrições contra sua economia e movimento de pessoas, que equivalem, na prática, a bloqueio [militar]”.

O documento denunciou os impedimentos impostos por Israel à reconstrução de Gaza e qualquer resposta adequada em termos assistenciais.

Erdan não reagiu bem às denúncias contundentes dos crimes de Israel no fórum internacional e decidiu rasgar uma cópia do relatório ao subir no plenário.

“O Conselho de Direitos Humanos atacou e condenou Israel em 95 resoluções, comparado a 142 resoluções contra o resto do mundo”, insistiu o embaixador israelense.

“Este relatório distorcido e enviesado vai para a lata de lixo do antissemitismo”, acrescentou Erdan; no entanto, sem contestar as evidências.

LEIA: Israel isola bairros palestinos com portões de ferro, na Cisjordânia ocupada

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