Imagens em alta resolução da Palestina ocupada estão agora disponíveis para uso público, incluindo localidades sensíveis no território considerado Israel — ocupado durante a Nakba, via limpeza étnica, em 1948 —, reportou ontem (31) o jornal Times of Israel.
Dentre os pontos de apreensão para o governo israelense está o reator nuclear de Dimona.
“Quadruplicamos a resolução para Israel e Palestina!”, destacou a empresa Mapbox. “Este novo banco de imagens dá a nossos consumidores a mais alta resolução disponível no mercado, para planejar uma trilha, checar uma entrega ou navegar entre cidades”.
Segundo a imprensa israelense, a expansão dos serviços online decorre de uma mudança recente nas regulações americanas sobre imagens por satélite que retratam Israel, previamente censuradas. A alteração foi promulgada durante o governo de Donald Trump.
A chamada Emenda Kyl-Bingaman efetivamente impunha censura de Washington sobre qualquer imagem comercial de Israel. Exemplo disso é o fato de que imagens israelenses no Google Maps costumam aparecer desfocadas, diferente de outros países.
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“Antes, a Emenda Kyl-Bingaman proibia empresas americanas de fornecer imagens desta região em resoluções maiores que dois metros por pixel”, observou o Mapbox. “A legislação foi alterada em 2020, com nova restrição estabelecida em 40 centímetros”.
“Trabalhamos com nosso parceiro Maxar … para fornecer consistência junto da atualização global em nossas imagens, a qual fizemos no final de 2020”, acrescentou.
Neste ano, o jornal israelense Haaretz voltou a questionar o Google sobre uma eventual atualização em seu banco de imagens sobre Israel, diante da mudança na legislatura americana. A gigante de tecnologia, porém, alegou “não ter planos para compartilhar”.
O Mapbox utiliza dados de satélites globais da companhia Maxar, descritos como “mais avançados instrumentos de observação da Terra, com a maior resolução disponível, exceto satélites espiões, sobre os quais não temos informações”.
O major-general Giora Eiland, ex-chefe do Conselho de Segurança Nacional de Israel, comentou o caso ao website Ynet News: “Informações aparentemente não-confidenciais tornam Israel bastante vulnerável aos nossos inimigos”.
Yaakov Amidror, ex-conselheiro de segurança nacional, advertiu: “Quanto mais clara a imagem que têm de um alvo, melhor podem mirar e mais dano podem infringir”.