Entidade cristã finlandesa corta laços com ong palestina difamada por Israel

Um grupo de missionários cristãos, sediado na Finlândia, decidiu cortar laços com uma ong palestina de proteção à infância após Israel designá-la “entidade terrorista”, ao alegar preocupação sobre eventuais sanções financeiras.

A Defesa Internacional da Infância – Palestina (DCIP) é uma das seis organizações civis acusadas por Tel Aviv de canalizar recursos a grupos militantes. Ao negar as alegações, a ong pediu à sociedade cristã, conhecida como Felm, para reconsiderar sua decisão.

Israel insiste que os grupos em questão possuem laços com a Frente Popular para Libertação da Palestina (FPLP), considerada terrorista por Estados Unidos e União Europeia.

Não obstante, Rolf Steffansson, diretor-executivo da Felm, observou que sua entidade não viu, até então, qualquer evidência de mau uso dos recursos doados.

“Temos monitorado ativamente o uso do dinheiro, utilizado para avançar nos direitos das crianças”, declarou Steffanson. Sua organização doou ao menos 30 mil euros anuais — equivalente a US$35 mil — à entidade palestina, entre 2015 e 2021.

LEIA: O banimento dos grupos de direitos humanos por Israel

No entanto, a designação israelense impossibilitou que fossem mantidas as relações com a DCIP, lamentou Steffanson em entrevista à Reuters. “Isso poderia afetar o trabalho que fazemos em 30 países, por meio de serviços bancários, por exemplo”, reafirmou.

A DCIP recorre a doações europeias para financiar seu trabalho na Faixa de Gaza sitiada e na Cisjordânia ocupada. Ao comentar a ruptura com a imprensa, o grupo destacou, porém, tratar-se de um incidente único, até então.

“Somos submetidos a uma escalada de deslegitimação e desinformação por uma rede internacional de grupos radicais, com apoio do governo israelense”, enfatizou Khaled Quzmar, diretor-geral da DCIP, em nota emitida através de sua assessoria jurídica.

A Felm opera sob diretrizes da Igreja Evangélica Luterana da Finlândia e recebe parte de seus recursos da chancelaria em Helsinque. O ministro da pasta, Pekka Haavisto, no entanto, destacou que seus subsídios não fazem parte do valor conferido à Palestina.

Haavisto argumentou compreender a preocupação da Felm de que sua colaboração com a DCIP pudesse impactar outras operações humanitárias. Contudo, acrescentou: “Conforme nosso ponto de vista, o grupo conduz um trabalho normal e pacífico na sociedade civil”.

Questionado pela Reuters sobre as evidências que fundamentam as acusações, um oficial israelense sugeriu apenas que os documentos são “confidenciais”.

Haavisto expressou receios de que a designação possa afetar a sociedade civil e os direitos da infância nos territórios ocupados. As Nações Unidas, grupos de direitos humanos e representantes internacionais apontaram apreensões similares.

Sair da versão mobile