Diversos outdoors com propagandas da proeminente rede internacional de notícias Al Jazeera ressurgiram nas ruas do Cairo, capital do Egito. Imagens viralizaram nas redes sociais.
Após o golpe militar de 2013, que levou Abdel Fattah el-Sisi ao poder, o regime egípcio passou a reprimir agências eventualmente críticas, com destaque a jornalistas da Al Jazeera, emissora sediada no Catar, sob acusações de conceder apoio à Irmandade Muçulmana.
Oh my days. Al Jazeera billboards are back in Cairo. There are people who went to Egyptian prisons because they worked for Al Jazeera. All forgotten after the Egypt-Qatar rapprochement. pic.twitter.com/hXotWKwOsQ
— The Big Pharaoh (@TheBigPharaoh) November 6, 2021
‘Outdoors da Al Jazeera voltam ao Cairo. Há pessoas presas por trabalharem para a Al Jazeera. Tudo esquecido após a reaproximação entre Egito e Catar’, destaca blogueiro The Big Pharaoh
O canal de televisão ganhou visibilidade ao cobrir a revolução popular que depôs o longevo ditador Hosni Mubarak, em 2011. Dois anos depois, cobriu então os eventos que culminaram no golpe de estado e na destituição do presidente eleito Mohamed Morsi.
Ao consolidar seu regime, o presidente e general Sisi decidiu cassar a licença da Al Jazeera no país, sob alegações de “espalhar mentiras e rumores para sabotar a segurança e união nacional”. Diversos funcionários foram presos, sem sequer acusação formal.
O jornalista Mahmoud Hussein, por exemplo, permaneceu preso por quatro anos, sem qualquer denúncia ou julgamento. Em fevereiro deste ano, foi finalmente libertado, um mês após o regime do Cairo retomar relações diplomáticas com o governo em Doha.
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Os repórteres Abdullah al-Shami e Mohamed Bader permanecem detidos arbitrariamente sob pretexto de “ameaça à segurança nacional” e “posse de armas”.
Escritórios da Al-Jazeera em árabe foram invadidos e fechados por forças de segurança.
Em 2017, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Bahrein cortaram laços com o Catar, ao acusá-lo de apoiar o “terrorismo” e associar-se com o regime iraniano.
Neste ano, a crise aparentemente chegou ao fim com a retomada de voos entre os países e uma transmissão ao vivo da Al Jazeera a partir do Cairo, pela primeira vez em oito anos.
Mais recentemente, oficiais da inteligência egípcia afirmaram à agência Reuters que a diplomacia catariana comprometeu-se com uma mudança na cobertura da rede Al Jazeera. Contudo, foram desmentidos pelo estado do Golfo.
Não obstante, apesar das esperanças de reaproximação e de uma nova era para a liberdade de imprensa, o governo egípcio manteve sua perseguição à emissora.
Rabie al-Sheikh, repórter da Al Jazeera, foi preso no aeroporto do Cairo em agosto último.
O Egito é considerado um dos países que mais aprisiona jornalistas em todo o mundo e classifica-se na 166ª colocação entre 180 países no Índice Global de Liberdade de Imprensa, segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).