Os Estados Unidos denunciaram com veemência na terça-feira uma visita do alto diplomata dos Emirados Árabes Unidos (EAU) a Damasco e emitiram um aviso velado aos estados regionais para considerarem cuidadosamente qualquer esforço para normalizar as relações com o regime sírio.
O Ministro das Relações Exteriores dos EAU, Abdullah bin Zayed, liderou na terça-feira uma delegação de altos funcionários dos Emirados Árabes a Damasco, onde foram recebidos por Bashar Al-Assad no que marca a primeira visita deste tipo desde que o conflito sírio eclodiu em 2011.
O porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, disse que a administração Biden está “preocupada” com a reunião, assim como com o “sinal que ela envia”.
“Esta administração não expressará nenhum apoio aos esforços de normalização ou de reabilitação de Bashar Al-Assad, que é um ditador brutal”, disse Price aos repórteres.
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“Instamos os Estados da região a considerarem cuidadosamente as atrocidades que este regime, o próprio Bashar Al-Assad, perpetrou contra o povo sírio durante a última década, bem como os contínuos esforços do regime para negar a grande parte do país o acesso à ajuda humanitária e à segurança”, acrescentou ele.
Price reforçou que os Estados Unidos não normalizariam ou melhorariam suas relações diplomáticas com Damasco “nem apoiamos outros países a normalizar ou melhorar suas relações, dadas as atrocidades que este regime tem infligido a seu próprio povo”.
A visita de Bin Zayed chega mais de três anos depois que os Emirados Árabes reabriram sua embaixada na Síria.
Em junho de 2020, a administração do ex-presidente americano Donald Trump advertiu Abu Dhabi sobre as repercussões da contínua normalização e a possibilidade de enfrentar sanções sob a Lei César, que autoriza sanções severas contra o regime de Assad.
Os esforços de normalização árabe com o regime sírio se aceleraram desde julho, particularmente entre a Jordânia, os Emirados Árabes Unidos e o Egito.
A próxima cúpula da Liga Árabe na Argélia, em março, deverá discutir a restauração da adesão da Síria, que está congelada desde 2011 devido à violência do regime de Assad contra seu povo.
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