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Maior apoiador de Saied pede sua deposição na Tunísia

Da esquerda para a direita: Abdelfattah Mourou, do Ennahda; Mohammed Abbou, da Corrente Democrática; Moncef Marzouki do al-Irada; entre outros candidatos à presidência da Tunísia, antes de um debate televisionado, em Túnis, 7 de setembro de 2019 [Yassine Gaidi/Agência Anadolu]
Da esquerda para a direita: Abdelfattah Mourou, do Ennahda; Mohammed Abbou, da Corrente Democrática; Moncef Marzouki do al-Irada; entre outros candidatos à presidência da Tunísia, antes de um debate televisionado, em Túnis, 7 de setembro de 2019 [Yassine Gaidi/Agência Anadolu]

Mohamed Abbou, ex-presidenciável e fundador do partido político Corrente Democrática, tornou-se foco de uma onda de críticas após reivindicar a deposição do presidente tunisiano Kais Saied — “por quaisquer meios legais ou ilegais”.

“Kais Saied deve cair por quaisquer meios legais ou ilegais”, asseverou Abbou.

Até recentemente, Abbou era considerado o apoiador de maior destaque de Said. Agora, contudo, insiste em não reconhecê-lo como presidente.

Sua declaração incitou forte controvérsia no país.

O analista político Abdellatif Derbala afirmou:

Mohamed Abbou acreditava firmemente em Saied, sua política e sua ‘pureza’, apesar do que demonstrou nos primeiros meses de seu mandato, com manobras e indicações claras de uma obsessão em concentrar poder.

Derbala reiterou que Abbou considerava o presidente como “salvador do país”, ao defendê-lo com veemência e “foi o primeiro a encorajá-lo publicamente a recorrer ao Artigo 80 da Constituição de modo completamente distinto de seu sentido legal”.

“Abbou o instigou a empregar o exército nas ruas para impor suas medidas excepcionais à força, sob diversos ataques, incluindo prisão de figuras políticas, econômicas e públicas [e] julgamentos de exceção em nome da ordem”, enfatizou Derbala.

“Abbou é um exemplo infeliz e escandaloso do que políticos podem tornar-se quando carecem de uma mentalidade consistente, visão estratégica e conhecimento da história … e buscam somente interesses táticos e ganhos imediatos, sem analisar riscos e consequências”.

“Este tipo de político não compreende que a experiência mostra que quem quer abra a porta para violações constitucionais não terá proteção da lei, mais tarde, para impedir que a constituição seja violada”, concluiu Derbala.

O analista político Nasr Eddine Souilmi juntou-se à polêmica: “Mohamed Abbou pede a queda de Kais Saied! Por que dizemos que a transição democrática requer deliberação e racionalidade? Na democracia, é necessário preservar o triângulo da vida: constituição como direito, eleições como facilitador e uma comissão eleitoral independente como via de regra. Construímos esse triângulo sem tocá-lo; em paralelo, entramos em batalhas contra a corrupção, nepotismo, marginalização, desemprego e carestia; sejamos pacientes!”

Diversos ativistas escarneceram Abbou, ao indicar ainda que o presidente tunisiano começa a perder aliados, com o aumento gradativo de opositores às “medidas excepcionais”.

O parlamentar Yassine Ayari comentou o caso à rádio: “O político Mohamed Abbou e sua esposa, a congressista Samia Abbou, ansiavam obter benefícios do Artigo 80, mas perderam! Lamentavelmente, não os esperava renunciar dos princípios democráticos”.

Abbou chegou a exortar o presidente tunisiano a prender opositores acusados de corrupção e confiscar suas propriedades: “Quando o judiciário não cumpre seu dever, o chefe de estado deve então colocá-los [os corruptos] em prisão domiciliar”.

Em seu discurso mais recente, Saied abordou a mudança de postura de ex-aliados, ao acusá-los de desejar cargos no novo governo.

LEIA: Especialistas da ONU condenam a “expulsão” de imigrantes da Tunísia

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