Sete mulheres decidiram processar o governo catariano por revistas abusivas às quais foram submetidas no Aeroporto Internacional de Doha, no último ano.
Em outubro de 2020, guardas armados retiraram 18 mulheres de um voo com destino a Sydney, e as transferiram a ambulâncias que as aguardavam na saída.
Na ocasião, as mulheres imaginaram ser alvo de um sequestro ou ataque terrorista.
Wolfgang Babeck, passageiro que testemunhou o incidente, lançou uma campanha de financiamento coletivo, via GoFundMe, para bancar os custos judiciais.
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As mulheres — dentre as quais, uma cidadã britânica — foram submetidas a exames ginecológicos invasivos. Autoridades alegaram tratar-se de uma investigação sobre um bebê recém-nascido abandonado no banheiro do aeroporto, naquele mesmo dia.
Ao menos uma das mulheres, que viajava com seu bebê, passou por revista completa. Após deitar-se na maca, a enfermeira “agarrou minhas calças e roupas de baixo e me despiu; por um segundo, pensei que minha cabeça fosse explodir”, recordou.
“É uma humilhação e abuso de poder, uma violação de meus direitos humanos”, acrescentou. “Ninguém pode me tocar; ninguém pode me despir sem meu consentimento … mas foi justamente o que aconteceu naquele aeroporto, um dos maiores do mundo”.
Damian Sturzaker, advogado da vítima, confirmou sua intenção de solicitar indenização por danos morais, devido ao procedimento de prisão, assédio e invasão de privacidade.
“O incidente foi horroroso a todas as mulheres envolvidas”, comentou Sturzaker. “Todas vivenciam desde então crises de saúde mental e temem voar novamente”.
O Catar será sede da Copa do Mundo de Futebol de 2022 e milhões de pessoas — incluindo mulheres — devem passar pelo aeroporto na capital do país.
As mulheres agredidas no último ano esperam impedir reincidência.
“É preciso que possam esperar um melhor tratamento”, concluiu a advogado.