O governo iraquiano decidiu repatriar seus cidadãos presos na fronteira entre Polônia e Bielorrússia, enquanto avança a crise migratória sob condições severas.
Nos últimos meses, refugiados de países como Síria e Iraque caminharam em massa à divisa europeia, após serem transportados a Minsk por um consórcio de contrabandistas e empresas, como a companhia aérea síria Cham Wings — sob sanções internacionais.
Da capital bielorrussa, foram então escoltados pelas autoridades à região.
Desde então, cerca de dois mil refugiados permanecem presos na fronteira polaco-bielorrussa, onde sofreram agressões, assédio e condições climáticas extremas. Soldados poloneses impedem a passagem dos requerentes de asilo à União Europeia.
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Varsóvia e seus aliados acusam o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko de orquestrar um confronto ao utilizar refugiados do Oriente Médio e além como “guerra híbrida”, em retaliação por sanções ocidentais impostas a seu regime autoritário.
Lukashenko — com apoio de Moscou, seu principal aliado — negam as acusações.
Dentre os refugiados, um dos grupos mais numerosos são iraquianos, muitos dos quais nativos do Curdistão. Nesta semana, Bagdá deve oferecê-los salvo-conduto para a casa.
No último domingo (14), Ahmed al-Sahaf, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Iraque, confirmou a iniciativa em comunicado: “O Iraque conduzirá um primeiro voo para aqueles que desejam retornar voluntariamente”.
Não ficou claro quantos iraquianos poderão embarcar de Minsk a Bagdá, a partir de quinta-feira (18); não obstante, ao menos 571 cidadãos árabes expressaram seus anseios em deixar a conturbada fronteira europeia e voltar para a casa.
Ao longo do impasse, dez refugiados morreram — o número, contudo, pode ser maior.
Em outubro, um refugiado sírio de 19 anos desapareceu após soldados bielorrussos o obrigarem a atravessar o rio de fronteira com a Polônia. Seu corpo foi descoberto mais tarde e foi enterrado ontem (16) em uma pequena aldeia na região.
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