Sessenta anos após o fim da Guerra da Independência da Argélia, a Assembleia Nacional da França debaterá amanhã (18) um projeto de lei para desculpar-se pelo tratamento conferido a soldados argelinos que lutaram ao lado da metrópole colonial.
Segundo o texto, os colaboracionistas da Argélia enfrentaram uma “tragédia” no país europeu após terminar a guerra, a despeito de promessas de cidadania e direitos.
Em 20 de setembro, o presidente francês Emmanuel Macron mencionou os harkis — como são conhecidos os aliados argelinos no conflito — durante um discurso público.
A medida é vista por seus proponentes como uma prova da consciência francesa diante do sofrimento dos harkis. Macron quer reconhecer a “dívida” a correligionários argelinos, além das “condições inadequadas” impostas às suas famílias no pós-guerra.
Trata-se de um avanço sem precedentes, dado que a guerra e genocídio na Argélia prevalecem assolados por tensões políticas em ambos os países.
A legislação deve reconhecer os serviços prestados por ex-membros das forças de apoio que serviram a França em solo argelino; contudo, abandonados após a independência.
Até 200 mil harkis foram recrutados como auxiliares das forças coloniais entre 1954 e 1962, quase metade dos quais então emigrou para a França com suas famílias. Uma vez no país, foram aglomerados em “favelas” — como descreveu um ministro de estado.
Caso a legislação seja aprovada, as famílias deverão receber indenização substancial.
O governo francês reservou cerca de €50 milhões (US$56.55 milhões) para tanto.
A pauta tornou-se naturalmente controversa entre políticos. Figuras à esquerda tendem a apoiá-la; representantes da extrema-direita, todavia, escarneceram da “generosidade eleitoral” de Macron. O presidente planeja reeleger-se no próximo ano.