O Presidente do Quênia Uhuru Kenyatta e o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, reuniram-se nesta quarta-feira (17) na cidade de Nairóbi, para discutir a recente escalada na Etiópia e Sudão, segundo informações da agência Anadolu.
Após a conversa, afirmou Blinken: “Nosso enviado especial Jeffrey Feltman está trabalhando junto do alto-representante [Olusegun] Obasanjo para pressionar pelo fim imediato das hostilidades e abusos de direitos humanos, sem condições prévias, e conceder assim acesso humanitário a milhões de pessoas no norte da Etiópia”.
Um comunicado da presidência queniana observou que — durante o encontro a portas fechadas — ambos “exploraram novas oportunidades para colaborar na resolução dos conflitos em curso e conquistar então uma paz sustentável no Chifre da África”.
Kenyatta e Blinken abordaram diversos assuntos, incluindo covid-19 e aquecimento global.
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Blinken e sua delegação também se reuniram com o chanceler queniano Raychelle Omamo.
Blinken e Omamo realizaram uma coletiva de imprensa na qual prometeram trabalhar em parceria com o Conselho de Segurança das Nações Unidas e outros fóruns regionais e internacionais para tratar questões de instabilidade no Chifre da África e além.
“Acreditamos no potencial da Etiópia de encontrar uma solução para a crise”, reiterou o diplomata queniano. “Acreditamos que um cessar-fogo é possível. Acreditamos que outros mecanismos para assegurar o acesso humanitário são possíveis”.
Estados Unidos e Quênia enfatizaram ainda a importância de que o governo etíope, a Frente Popular de Libertação do Tigré e outros grupos armados envolvidos na questão se comprometam com o fim das hostilidades, para negociar um cessar-fogo.
Ambos os países reafirmaram a urgência de permitir o envio de ajuda humanitária, de modo seguro e pleno, às populações carentes na região, além de conduzir um diálogo nacional inclusivo e afastar-se do discurso de ódio ou incitação étnica, religiosa ou tribal.
Golpe militar no Sudão, terrorismo, meio-ambiente
Estados Unidos e Quênia também expressaram receios sobre a tomada militar no Sudão, no final de outubro, e pediram a restauração do processo transicional liderado pela sociedade civil, conforme declarações de princípios e promessas constitucionais.
Ambos se comprometeram com novas iniciativas bilaterais em economia e comércio.
Blinken e seus homólogos quenianos concordaram em trabalhar para combater o terrorismo, reforçar fronteiras e mares e profissionalizar as forças de defesa locais.
Os oficiais prometeram ainda manter pressão sobre o al-Shabaab e outros grupos terroristas que operam no Chifre da África, por meio de exercícios militares, operações conjuntas, remessas de equipamentos avançados e cooperação de segurança.
Sobre as mudanças climáticas, as partes envolvidas prometeram colaborar para garantir apoio institucional e construir capacidade de conservação ambiental, segurança alimentar, meteorologia e implementação de acordos internacionais.
Estados Unidos e Quênia alegaram também aumentar sua cooperação em segurança marítima para potencializar a “economia azul”, em nome da prosperidade no Oceano Índico.
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